Baixar spread da casa? Bankinter diz que não se pode “cometer os mesmos erros do passado”
O banco espanhol Bankinter tem a margem mínima mais baixa do mercado na compra de casa. E não está a pensar baixar ainda mais. "Temos de ser responsáveis" e "não cometer os mesmos erros do passado"
O Bankinter tem revisto em baixa a margem a exigida nos créditos para a casa, passando a oferecer a o spread mais baixo do mercado. Mas não está a pensar baixar mais. Alberto Ramos garante que o banco espanhol já oferece um valor “competitivo” e, por isso, deve manter esta margem. Para o country manager do Bankinter Portugal, é preciso que os bancos “sejam responsáveis” e não repitam erros cometidos no passado.
“O preço [do crédito à habitação] é competitivo. Não consideramos baixar o preço”, afirma o responsável pelas operações portuguesas no dia em que o Bankinter apresentou os resultados referentes ao total de 2017. Estes preços fazem parte da estratégia de captação de clientes adotada pela instituição financeira, seja através do crédito à habitação como da conta mais ordenado, isenta de comissões. Só em 2017, o banco conseguiu atrair 17 mil novos clientes, dos quais 13.800 são particulares e os restantes 3.200 são empresas, totalizando agora cerca de 155 mil clientes.
"O preço [spread] é competitivo. Não consideramos baixar o preço.”
Questionado sobre se o banco pondera baixar ainda mais o spread caso as outras instituições financeiras decidam fazê-lo, o country manager do Bankinter Portugal alerta que os bancos têm de ser “responsáveis para não cometerem os mesmos erros que cometeram no passado” quando houve um “excesso de concorrência”.
Desde novembro do ano passado que o Bankinter passou a exigir um spread mínimo de 1,15% a quem contratar um empréstimo para a compra de casa de taxa variável. Antes, a margem mínima que o Bankinter cobrava era 1,25%. O banco também cortou a margem máxima de spreads que passou dos 3,7% para os 3,2%.
Crescer? Só de forma orgânica
O Bankinter Portugal afasta quaisquer aquisições em território nacional. Alberto Ramos diz que o crescimento será orgânico. “Acreditamos muito no crescimento orgânico. Estamos a contratar, estamos a aumentar a estrutura e a investir fortemente em termos de oferta”, explica. A presidente executiva do Bankinter, Maria Dolores Dancausa, dá um passo à frente e revela previsões: a “contribuição do Bankinter Portugal para os resultados do grupo deve crescer cerca de 10% em dois anos”.
Em termos do número de agências, a operação portuguesa também não conta fechar, mantendo os 81 balcões que já existem. “Não pensamos fazer alterações em termos de agência física”, pois as que existem já cobrem os “mercados onde queremos estar”, garante o responsável pelo Bankinter Portugal. “Podemos é ter de deslocalizar.” Já o número de colaboradores do banco diminuiu de 900 em 2016 para 839 funcionários no ano passado. Mas Alberto Ramos garante que estão a contratar, uma vez que o banco se vai focar na criação de novos produtos para as empresas no próximo ano.
"Acreditamos muito no crescimento orgânico. Estamos a contratar, estamos a aumentar a estrutura e a investir fortemente em termos de oferta.”
O Bankinter registou lucros recorde em 2017. Superou as estimativas dos analistas com um resultado líquido de 495 milhões de euros, 1% superior ao do ano anterior, de 490 milhões. O saldo do ano só não foi ainda mais positivo por causa do aumento dos custos em Portugal, tendo em conta que o banco liderado por Maria Dolores Dancausa só finalizou a compra da atividade do Barclays em território nacional em abril de 2016. A operação portuguesa contribuiu com um lucro antes de impostos de 31,4 milhões de euros.
A jornalista viajou para Madrid a convite do Bankinter.
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