Portugal na mira de novo fundo de investimento para scaleups
Capital de risco global, que acaba de lançar um novo fundo de 375 milhões de dólares, revela ao ECO que espera investir numa scaleup portuguesa, num futuro próximo.
Com os olhos postos nas “tremendas oportunidades” que se tem encontrado em Portugal, a capital de risco Eight Roads Ventures acaba de anunciar o lançamento de um novo fundo de investimento para scaleups (pequenas empresas em fase de crescimento), na Europa e em Israel, de 375 milhões de dólares (302,8 milhões de euros).
O ERVE III pretende ajudar os empreendedores a ultrapassarem os obstáculos que surgem durante o processo de expansão empresarial, nomeadamente no que diz respeito à aquisição de talentos e ao alargamento geográfico.
“Procuramos tecnológicas geradoras de receitas e com ambições globais”, explicou, em declarações ao ECO, o managing partner e líder da equipa europeia da Eight Roads Ventures. Davor Hebel adiantou que a firma espera encontrar empresas “prontas para darem o passo seguinte no seu percurso de expansão e para passarem dos 50 para os 500 trabalhadores”.
No total, entre dezena e meia e duas dezenas de scaleups receberão um investimento médio de dez a 30 milhões de dólares (entre oito e 24,2 milhões de euros) desta firma com escritórios na China, Japão, Índia, Reino Unido e Estados Unidos.
O novo fundo — o terceiro deste tipo lançado pela Eight Roads Ventures — assume como alvo os projetos focados nas áreas tecnológicas de B2B (business to business), B2C (business to consumer), fintech e tecnologias de saúde.
Desde o seu lançamento, esta firma de capital de risco já apoiou 20 empresas, através de dois fundos: o Europe Fund I (lançado em 2010) e o Europe Fund II (criado em 2015). Nas respetivas ocasiões, o primeiro disponibilizou 100 milhões de libras (112, 8 milhões de euros) e o segundo ofereceu 150 milhões de libras (169,2 milhões de euros).
A Eight Roads Ventures conta com um historial de quase 50 anos a investir em casos de sucesso, nomeadamente nas norte-americanas Xoom e Nuance Comunnications, bem como na gigante chinesa Alibaba.
Portugal na mira dos investidores
Segundo a Eight Roads Ventures, nos últimos cinco anos, Portugal registou uma proliferação “impressionante” de novas empresas, que despertou o seu interesse. Ainda assim, os investidores detetam algumas fraquezas, no ecossistema nacional.
“O maior obstáculo, não só em Portugal, mas para a Europa também, é o facto de ser fragmentado e de ter um mercado interior pequeno. As startups europeias têm de ter um quadro mental global desde o início”, defendeu Hebel.
O líder europeu da firma em causa notou também que é a falta de financiamento na fase de crescimento o maior entrave ao florescimento do ecossistema. “E é precisamente aí que a experiência e foco da Eight Roads pode [dar] apoio”, reforçou o mesmo responsável. De acordo com um estudo da Startup Europe Partnership, as rondas de capital inicial e de Série A, em Portugal, são dominadas por investidores nacionais. Nas fases posteriores da vida dessas empresas, essa presença recua significativamente.
Davor Hebel reconheceu, por outro lado, que “o cenário em matéria de capital de risco em Portugal nunca foi tão favorável”, particularmente porque está “cada vez mais maduro”. Neste quadro, o gestor destacou o contributo positivo da “densa” rede de incubadoras e de aceleradoras de que o país dispõe para a criação de empresas promissoras.
Com tantos elogios, porque não investiu ainda a Eight Roads Ventures em Portugal? Hebel esclareceu que a firma tem como foco companhias em fases mais avançadas — em expansão ou scaleup — e sublinhou que Portugal tem um ecossistema relativamente recente, daí a incompatibilidade registada até agora. Ainda assim, o gestor avançou: “esperamos fazer um investimento [em Portugal] num futuro próximo”.
O representante da firma fez ainda questão de considerar que se tem “vindo a detetar oportunidades tremendas em Portugal”. O líder contou que o país viu nascer uma primeira geração de empresas líderes a nível mundial — da qual fazem parte a Farfetch, a Uniplaces e a Feedzai — e que agora se prepara para a chegada de uma segunda geração de talentos. “A segunda geração começa agora a iniciar-se a sua expansão pelo que devemos centrar todas as nossas atenções nesse mercado”, reforçou.
Por fim, Davor Hebel aproveitou para revelar os três segredos do sucesso das scaleups: “Trabalhar muito, um bom aconselhamento e encontrar uma fonte de capital disposta a permanecer ao seu lado mesmo nos períodos mais difíceis“. Trabalho e companhia certa à parte, uma pitada de sorte é também essencial para o estrondo desejado, garantiu o gestor.
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