Juros da dívida afundam na periferia da Zona Euro. Efeito “Mercron” ajuda

Juros da dívida na periferia da Zona Euro voltam a acalmar depois de uma semana quente em Itália e Espanha. Merkel contribui para este sentimento, depois da entrevista do fim-de-semana.

“Tempo para respirar”, dizem os analistas do Commerzbank. Os investidores recuperam o fôlego depois de uma semana que foi uma autêntica montanha russa na Zona Euro, com Espanha e Itália no olho do furacão e a atirarem os juros da dívida para níveis que começaram a preocupar. Mas a sessão desta segunda-feira marca o regresso do mercado à normalidade. Isto depois da entrevista de Merkel no fim de semana que deu um impulso ao efeito “Mercron” que está a acalmar os investidores. Juros cedem em força na periferia.

É o caso das taxas associadas à dívida portuguesa. A yield implícita nas obrigações do Tesouro a 10 anos cedem 17,5 pontos base. No prazo a 5 anos, os juros recuam 11,1 pontos para 0,615%, perante o maior apetite dos investidores por títulos da República portuguesa que viram a Fitch reafirmar o rating de BBB na passada sexta-feira, cimentando o estatuto de “investment grade”.

Em Espanha, depois da moção de censura ao Governo de Mariano Rajoy, e cujos efeitos vieram a materializar-se na sexta-feira com a ascensão de Pedro Sánchez (PSOE) ao poder, vivem-se agora momentos políticos mais pacíficos com reflexos nos mercados. Os juros a 10 anos caem para 1,336% e a 5 anos baixam para 0,272%.

E o mesmo acontece em Itália, com a taxa das obrigações italianas a 10 anos a cair para 2,521%, após ter superado a fasquia dos 3% na semana passada, algo que já não acontecia desde maio de 2014, há quatro anos. Este comportamento teve sobretudo a ver com a indefinição na formação de Governo e os receios de eleições antecipadas. Mas tudo ficou mais tranquilo depois de o Movimento 5 Estrelas e a Liga Norte terem feito novo esforço para a um novo Executivo e Sergio Conte já é o primeiro-ministro italiano.

Juros portugueses a 10 anos cedem

Fonte: Reuters

“Temos agora maior clareza e caberá aos investidores avaliarem as perspetivas de risco”, diz Rainer Guntermann, estratego do Commerzbank. “Há um maior alívio neste momento”, acrescentou.

Os analistas acreditam que a dar maior conforto aos investidores estão ainda as declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung, na qual afastou a ideia de um perdão de dívida a Itália e deu um forte impulso àquilo que o Commerzbank apelida de “Mercron”, um termo que resulta da dupla entre Merkel e Macron, o Presidente francês.

A governante alemã disse apoiar a ideia de transformar o fundo de resgate europeu no novo Fundo Monetário Europeu, com poderes para disponibilizar linhas de crédito aos países membros em situação problemática. E deu mais detalhes sobre como deverá funcionar este fundo, sugerindo empréstimos a 30 anos para os Estados membros em crise, exigindo-se em contrapartida reformas estruturais para os países obterem esta ajuda financeira. Emmanuel Macron já tinha defendido a ideia de criar um Fundo Monetário Europeu, que seria uma espécie de almofada para as futuras crises na Zona Euro.

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