Catarina Martins tem posição em empresa de alojamento local. Mas é no interior do país

A coordenadora do BE detém uma posição minoritária numa empresa de alojamento local gerida pelo marido e pela sogra. Explora unidades no Sabugal. Partido diz que ajuda a combater a desertificação.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.Paulete Matos / Bloco de Esquerda / Flickr

Ricardo Robles esteve debaixo de fogo por causa do imóvel que comprou em Alfama e tencionava vender para alojamento local por 5,7 milhões de euros. Mas não é o único bloquista com atividade nesta área. Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), é sócia minoritária de uma empresa que se dedica ao alojamento local no interior do país.

A coordenadora do BE fundou a Logradouro Lda. com o marido há quase dez anos e foi sócia-gerente da empresa até final de 2009, altura em que assumiu funções como deputada em regime de exclusividade. Atualmente, a empresa explora quatro empreendimentos turísticos e uma unidade de alojamento local no concelho do Sabugal, distrito da Guarda.

A visão de Catarina Martins é a de que esta atividade representa “turismo em espaço rural” e pode ajudar a fixar habitantes e a combater a desertificação em regiões do interior do país, ao contrário do alojamento local massificado e desequilibrado nas grandes cidades, que acentua o fenómeno da gentrificação, explicou ao ECO fonte oficial do partido.

Em 2008, Catarina Martins e o marido, Pedro Miguel Soares Carreira, fundaram esta sociedade com “atividades comerciais na área do turismo”, no âmbito da “exploração de empreendimentos de turismo no espaço rural”. Nessa altura, cada um detinha uma quota de 50%. Em 2009, a entrada de Catarina Martins no Parlamento, como deputada em regime de exclusividade, levou a alterações na gerência da empresa.

Pedro Carreira manteve-se como gerente e entraram dois novos sócios: Ana Maria Manso Soares e José Manuel Carreira, sogros de Catarina Martins e proprietários de “grande parte” do património explorado pela Logradouro Lda. Catarina Martins e o marido mantiveram uma “participação simbólica” no negócio. Atualmente, a coordenadora do BE tem 4% da empresa.

E que património está aqui em causa? Desde logo, a Logradouro Lda. explora uma unidade de alojamento local com capacidade para quatro pessoas, com dois quartos e duas camas. A unidade, inscrita no Registo Nacional de Estabelecimentos de Alojamento Local (RNAL), é chamada de Casa da Marzagona. No Airbnb, são cobrados 120 euros por cada noite.

O imóvel está registado como alojamento local “por ser a casa dos sogros de Catarina Martins na sua aldeia de origem e onde a família se reúne todos os anos”, explicou ao ECO fonte oficial do BE. “Nos períodos em que não é usada pelos seus proprietários, a casa é disponibilizada para turismo”, acrescentou a mesma fonte.

A Logradouro Lda. explora ainda quatro estabelecimentos turísticos que se encontravam abandonados no momento em que a empresa foi fundada. Ao que o ECO apurou, a empresa conseguiu aprovar, no final de setembro de 2009, um projeto de “recuperação e reconversão de antigos palheiros para turismo rural” no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) e recebeu um incentivo comunitário de 137,3 mil euros.

O projeto foi avaliado em 183,1 mil euros. O património foi recuperado para turismo e, em 2011, estas quatro unidades foram registadas como empreendimentos turísticos. No total, os quatro empreendimentos explorados pela Logradouro Lda. têm capacidade para 16 pessoas. Atualmente, a empresa é gerida por Pedro Carreira e pela mãe, Ana Soares.

A participação de Catarina Martins nesta empresa consta nos registos de interesses entregues ao Parlamento e também ao Tribunal Constitucional. Ora, na sequência da polémica com o imóvel de Ricardo Robles, fonte oficial do BE explica que não existe incoerência entre as propostas defendidas pelo BE para o alojamento local e o facto de Catarina Martins ter uma participação neste negócio.

Ao ECO, fonte oficial do BE referiu que “a gentrificação é um fenómeno urbano de expulsão de moradores pobres” e que, “pelo contrário, o turismo em espaço rural fixa habitantes e combate a desertificação em regiões como a do Sabugal”. “As quatro casas reabilitadas para turismo em espaço rural estavam há muito abandonadas, situação demasiado comum no interior do país”, concluiu.

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