Mais de metade do preço da eletricidade em Portugal são impostos. Só na Dinamarca se cobra mais

Portugal surge na terceira posição do ranking de preços da energia mais caros da União para as famílias. Taxas e impostos pagos na eletricidade são os segundos mais elevados e no gás são os quartos.

Portugal está em terceiro lugar no ranking dos preços da eletricidade e do gás mais caros em toda a Europa, em 2017, revelam os dados publicados esta terça-feira pelo Eurostat. Os valores são referentes apenas aos preços pagos pagos pelas famílias.

Pela primeira vez, o Eurostat publica os preços para a eletricidade e gás natural que são totalmente comparáveis entre países“, avança o organismo de estatística europeu, em comunicado. Como os dados exigidos no âmbito de uma nova diretiva, “o Eurostat é agora capaz de calcular o preço médio ponderado que reflete o consumo total das famílias”, justifica. Até aqui, os dados fornecidos por este organismo europeu diziam respeito apenas a uma única faixa de consumo, mas que não era a mais representativa em todos os países.

Com os novos dados, que ainda assim não estão completos, dado que alguns Estados-membros não partilham esta informação por ser confidencial (o caso da Grécia ao nível do gás, por exemplo) é possível concluir que Portugal está no top 3 dos preços mais elevados seja no gás seja na eletricidade. Assim, em 2017, os únicos dois países da Europa com eletricidade mais cara só na Bélgica (28 cêntimos por quilowatt hora) e na Dinamarca (26 cêntimos por quilowatt hora). Em Portugal as famílias pagam 23 cêntimos por quilowatt hora. No extremo oposto surgem a Bulgária (dez cêntimos), Lituânia e Hungria com os preços da eletricidade mais baratos.

Preços da eletricidade das famílias por kilowatt /hora, em 2017

 

Fonte: Eurostat, Valores em euros. Notas: (1) Estados membros com derrogações relativamente ao fornecimento de dados de 2017

No que diz respeito à decomposição dos preços, é possível perceber que as famílias em Portugal têm a segunda carga fiscal mais pesada da Europa (12 cêntimos por quilowatt hora). Isto faz com que 52,02% do peso do preço seja imposto. Um valor que dá peso à discussão sobre os preços da energia em Portugal e à reivindicação de reduzir o IVA sobre a eletricidade dos atuais 23% no âmbito do Orçamento do Estado para 2019.

Só na Dinamarca se pagam mais taxas e impostos (17 cêntimos por quilowatt hora, ou seja 65,33%) do que em Portugal. A média europeia é 28,94%. O Eurostat sublinha que os preços da energia na UE podem variar de acordo com um leque de razões desde as condições de oferta e procura até à situação geopolítica, os custos da rede, o ‘mix’ de impostos e taxas e condições meteorológicas.

De sublinhar que Alemanha, Espanha, Itália e Chipre não têm dados.

Decomposição do preço da eletricidade

Ao nível do gás, a situação é idêntica. Ou seja, só a Suécia (onze cêntimos) e a Irlanda (0,096 euros) têm gás natural mais caro do que Portugal (0,093 euros). No entanto, no caso do gás natural não são necessariamente os impostos que tornam os preços menos competitivos, isto porque é na Suécia que as taxas e impostos sobre o gás são mais elevadas, mas na Dinamarca e na Holanda pagam-se mais impostos do que em Portugal que neste capítulo surge em quarto lugar.

Ao nível do gás natural a lista de países para os quais não há informação é maior: Alemanha, Espanha, Itália, Chipre, Malta, Finlândia e Grécia. No extremo oposto estão a Roménia, Bulgária e Hungria com os preços de gás natural mais competitivos da Europa.

Preço do gás para as famílias por kilowatt hora, em 2017

Fonte: Eurostat, Valores em euros. Notas: (1) Estados membros com derrogações relativamente ao fornecimento de dados de 2017; (2) Consumo negligenciável; (3) Dados são confidenciais

(Notícia atualizada com mais informação)

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