Montepio volta a vender produtos mutualistas. Carlos Tavares blinda banco da Associação

Produtos mutualistas regressaram aos balcões do Montepio. Só os gestores do banco podem comercializar aplicações como a Poupança Mutualista. Carlos Tavares reforça informação prestada ao cliente.

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) voltou a comercializar produtos mutualistas aos seus balcões desde esta segunda-feira, depois de uma suspensão temporária de cerca de seis meses para adequar as vendas às novas regras financeiras. E há mudanças importantes na abordagem comercial. Desde logo, a aplicação Capital Certo, que passou a designar-se Poupança Mutualista, como o ECO avançou em primeira mão. Além disso, há maior rigor na informação prestada ao cliente, incluindo uma “Síntese Informativa” onde o banco identifica o supervisor responsável pelo produto e divulga as contas da associação. Por outro lado, só os gestores do banco estão autorizados a vender este produto mutualista dentro da agência. Eles próprios vão ter de assinar o documento de venda ao cliente. Assim, o banco controla quem vendeu o quê e a quem. E Carlos Tavares blinda a CEMG da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG).

Estas alterações foram promovidas pelo banco juntamente com a mutualista, no sentido de assegurar uma comercialização adequada, transparente e responsável dos produtos que podem ser subscritos aos balcões da CEMG.

Um grupo de trabalho composto por elementos dos dois lados esteve nos últimos meses a repensar e reformular a oferta do banco, incluindo o nome do produto, a informação simplificada a disponibilizar aos clientes e a formação aos gestores. As mudanças chegam agora aos balcões, conferindo uma maior responsabilização aos gestores e também aos clientes.

A alteração mais visível: o produto mutualista Capital Certo chama-se agora Poupança Mutualista, uma nova designação que reflete a essência deste produto. Mas há um reforço da informação que é disponibilizada aos clientes, traduzindo um maior empenho do banco para adequar às novas regras dos mercados financeiros (DMIF II) a comercialização de um produto que tem estado na mira das autoridades.

Em concreto, além das Fichas Técnicas da Série e da Modalidade, onde o banco densifica todas as características e riscos da Poupança Mutualista, o cliente recebe agora uma “Síntese Informativa”. Trata-se de um documento de cinco páginas que resume aquela que é a informação fundamental sobre a aplicação, incluindo a identificação da autoridade competente de supervisão da AMMG (até ver, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social – Direção-Geral da Segurança Social) e indicadores financeiros da associação mutualista. No final do documento, o cliente e o gestor firmam o contrato de subscrição do produto com as respetivas assinaturas.

Em termos de rendimento, o Poupança Mutualista passa a apresentar uma maturidade mais curta (de cinco anos) e uma taxa média bruta (de 1,23%) mais reduzidas face à última série do Capital Certo — tinha um prazo de seis anos e uma remuneração média de 1,305%. Consegue, ainda assim, oferecer uma taxa mais elevada do que a generalidade dos depósitos da prazo do banco, que não vai além 0,5%.

Mais formação para os gestores

Por outro lado, os balcões do associado deixam de comercializar o Poupança Mutualista — mantendo-se, ainda assim, a oferta dos outros produtos mutualista disponível nestes balcões. Atualmente, existem cerca de 100 destes espaços a funcionar dentro de aproximadamente 300 agências da CEMG. A partir de agora, só os profissionais do banco poderão vender o Poupança Mutualista dentro das agências por serem aqueles que a CEMG pode formar, supervisionar e sancionar, se for o caso.

Para este efeito, um universo de colaboradores do banco realizou um curso online nos últimos meses, numa formação que incluiu as denominadas Skype Calls, videochamadas que serviram para a apresentação das características do produto mutualista e para explicação das diferenças com outros produtos financeiros mais tradicionais que também são comercializados pelo banco. Cada gestor recebeu um manual de procedimentos e poderá sempre ligar para uma linha de apoio para esclarecimentos adicionais.

A CEMG não definiu objetivos para as vendas com a Poupança Mutualista e também não há incentivos à comercialização do produto, isto apesar de a associação mutualista prever captar quase 1.000 milhões de euros só este ano com produtos de capitalização, como o Capital Certo. Este montante foi considerado elevado pelos sindicatos, que ficaram apreensivos e preocupados porque isso poderia traduzir-se em maior pressão sobre os funcionários do banco.

Ainda assim, haverá uma monitorização regular das subscrições efetuadas fora do público-alvo, e o banco emitirá alertas aos gestores sempre que for necessário para travar uma venda generalizada e indiscriminada do produto, tal como prevê a DMIF II.

Como o Montepio vai controlar vendas

1. Identificação clara do supervisor responsável

É uma das alterações que decorre da introdução da DMIF II: os produtos financeiros têm de distinguir de forma clara qual é a autoridade competente de supervisão. No caso do Poupança Mutualista, o produto é “fabricado” pela AMMG, que é supervisionada pela Direção-Geral da Segurança Social do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Mas a mutualista vai saltar em breve para a esfera da Autoridade Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, o regulador dos seguros, após a entrada em vigor das novas regras para as associações mutualistas.

2. Definição do público-alvo

O Montepio também identifica de forma clara a quem se destina o Poupança Mutualista: aos associados da Associação Mutualista Montepio Geral e clientes da Caixa Económica Montepio Geral com idade inferior a 75 anos, que possuam conhecimentos ou experiência intermédios sobre as características dos produtos, e com um nível de tolerância ao risco médio.

No Capital Certo, não havia limite de idade nem estava definido o perfil de risco adequado do subscritor. Dentro da política de governação do produto, o banco vai monitorizar as vendas fora do público-alvo para evitar uma venda generalizada e indiscriminada do produto.

3. Apresentação das contas da Associação Mutualista

A Síntese Informativa inclui ainda um extrato das contas financeiras da Associação Mutualista nos últimos anos, onde o cliente pode verificar a evolução de alguns indicadores da instituição, como a dimensão (número de associados, ativo), a rentabilidade (resultado operacional, receitas associativas e cash-flow), a solidez financeira (capitais próprios) ou a liquidez (nível de provisões).

4. Assinatura do gestor responsável e cliente

No final, tanto o associado como o gestor responsável pela venda do produto firmam o contrato com as respetivas assinaturas, introduzindo maior responsabilidade e sentido de compromisso entre cliente e banco. O documento é digitalizado, ficando uma cópia com o cliente.

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