Montepio muda nome de aplicação financeira. Capital Certo passa a Poupança Mutualista

A venda do produto Capital Certo da Associação Mutualista aos balcões do Montepio está congelada. Carlos Tavares quer comercialização transparente. Nome do produto muda para Poupança Mutualista.

Quem for hoje em dia aos balcões da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) não conseguirá subscrever o produto Capital Certo da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), dona do banco. Isto acontece porque banco congelou temporariamente a comercialização deste produto mutualista aos seus balcões, apurou o ECO.

A principal preocupação da administração da Caixa Económica passa por assegurar que o processo de venda seja completamente transparente e cumpra todos os requisitos de informação a prestar aos clientes e associados. E daí que as vendas deste produto que tem estado na mira dos reguladores, especialmente do Banco de Portugal, se encontrem suspensas desde fevereiro, ainda durante a gestão de José Félix Morgado. A nova administração liderada por Carlos Tavares, que entrou em funções em meados de março, decidiu manter essa suspensão. Contactada pelo ECO, a CEMG confirma que os gestores do banco não estão a vender o Capital Certo.

Uma coisa já é certa, entretanto: o nome deste produto vai mudar, e segundo o ECO apurou, já há uma nova designação, com a validação do Banco de Portugal e da própria Associação liderada por Tomás Correia: Poupança Mutualista, uma forma de tornar claro aos clientes qual é a instituição que está a promover a venda deste produto.

Há um pormenor: apesar do “embargo” aos balcões do banco, este produto que apresenta semelhanças com um depósito bancário (embora não esteja protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos) pode continuar a ser subscrito nos postos de atendimento aos associados e onde trabalham os gestores mutualistas. Atualmente, existem cerca de 100 destes espaços a funcionar dentro de aproximadamente 300 agências da CEMG.

O banco e associação mutualista criaram um grupo de trabalho conjunto que está a avaliar toda a oferta de produtos mutualistas comercializados pela caixa económica. Além da mudança da designação daquele produto para Poupança Mutualista, a reformulação irá além disso.

“O grupo de trabalho está a repensar e a redesenhar o nome, a oferta, a informação simplificada dos produtos e a formação dos gestores. No fim do dia, o banco quer evitar quaisquer equívocos e ser transparente com os clientes“, diz a CEMG. Um exemplo é precisamente a informação a prestar aos clientes na venda daquele produto. Hoje são dez páginas, com muita informação, tão detalhada que se torna de difícil compreensão. Carlos Tavares quer reduzir as dez páginas a apenas três, uma com a identificação da Associação Mutualista, outra com as características do produto e, finalmente, uma última com indicadores financeiras da própria associação.

Para a associação mutualista, o congelamento na comercialização do Capital Certo surge num momento particularmente sensível. Em 2017, a atividade associativa — que resulta das receitas geradas com as aplicações dos associados nos produtos mutualistas menos os custos com responsabilidades desses produtos — gerou uma perda 373,8 milhões.

E o ano de 2018 também não começou da melhor forma: a margem do negócio foi deficitária em 67 milhões de euros no primeiro trimestre, pressionando a mutualista a obter mais receitas ao longo do ano — a meta para este ano aponta para captação de 970 milhões de euros através da subscrição dos produtos mutualista.

Seja como for, do lado do banco (e de Carlos Tavares), o objetivo passa por ter uma comercialização que assente em três pilares: adequada formação dos colaboradores que estejam habilitados a vender os produtos; informação rigorosa, completa e clara aos potenciais adquirentes de produtos financeiros de retalho sobre as características dos produtos e a natureza dos emitentes; na sua submissão à CMVM e/ou à ASF, sempre que seja caso disso.

(Notícia atualizada às 14h50 acrescentando que a comercialização do produto Capital Certo está suspensa desde fevereiro)

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