Greve dos revisores suprime 388 comboios. Circulação com fortes perturbações

  • Lusa
  • 1 Outubro 2018

Os trabalhadores estão em greve pela contratação de trabalhadores. Foram encerrados 95% dos locais de venda de bilhetes e o sindicato diz que se verifica uma “adesão total” à paralisação.

Os trabalhadores das bilheteiras e revisores da CP – Comboios de Portugal estão esta segunda-feira em greve pela contratação de trabalhadores, mais comboios e negociação para o contrato coletivo. A CP suprimiu, até às 12h00, 388 comboios de um total de 560 devido à greve, com o sindicato a falar numa “adesão total” à paralisação.

“A adesão é total dos trabalhadores. Apenas se estão a efetuar os serviços mínimos de comboios, registando-se 95% das bilheteiras encerradas em todo o país”, disse à agência Lusa o presidente do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Luís Bravo. Por seu lado, fonte da CP afirmou à Lusa que, entre as 00h00 e o meio-dia de hoje, “foram suprimidos 388” comboios de 560 previstos, dos quais 22 eram de longo curso (alfa pendulares e intercidades), 102 eram regionais, 188 eram urbanos em Lisboa e 76 eram urbanos do Porto.

Luís Bravo, do SFRCI, assinalou que “há zonas do país onde há mais composições a circular em dia normal, que é Lisboa e Porto, e aí os utentes sentirão um impacto [maior]”. “Em 1.300 que a CP prevê fazer por dia, serão afetados mil comboios” esta segunda-feira, estimou o representante. Luís Bravo adiantou que “a expectativa” do sindicato é que a situação se mantenha assim ao longo do dia, sendo esperado que os trabalhadores adiram “massivamente” à paralisação de 24 horas.

Segundo o sindicato, apenas os comboios dos serviços mínimos circularam, mas a CP – Comboios de Portugal, num ponto de situação das 8h00, indica que se cumpriram 100 ligações, 93 das quais pertenciam aos serviços mínimos. No total, estavam programados 252 comboios, o que significa que apenas se cumpriram cerca de 40% das ligações.

A greve foi convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) que criticou o Ministério das Finanças por “bloquear os acordos entre o Ministério do Planeamento, a CP e o SFRCI” e estarem, assim, por contratar “88 trabalhadores para o [serviço] comercial da CP (Revisores, trabalhadores para as bilheteiras)”.

“Por motivo de greve convocada por uma organização sindical preveem-se supressões e fortes perturbações na circulação ferroviária a nível nacional em todos os serviços”, antecipou a empresa pública em comunicado.

Na nota, a CP adiantou que podem também ocorrer supressões e perturbações ainda na terça-feira, referindo que não serão disponibilizados transportes alternativos.

“Aos clientes que já tenham bilhetes adquiridos para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Regional e Celta que não se realizem, a CP permitirá o reembolso no valor total do bilhete adquirido, ou a sua revalidação, sem custos, para outro dia/comboio”, explicou a empresa, referindo que existem serviços mínimos definidos pelo Tribunal Arbitral nomeado pelo Conselho Económico e Social.

Até às 22h00 de domingo, dos 777 comboios que deveriam ter circulado 110 foram suprimidos, disse à Lusa fonte da CP.

Em comunicado, o sindicato sublinhou que “o aluguer do material circulante para fazer face aos problemas existentes não avançou, o concurso público para compra de novos comboios ainda não foi lançado e a negociação da contratação coletiva que se iniciou na CP em 2016, está paralisada”.

O sindicato referiu que, em resposta aos seus pedidos de esclarecimento, o “Ministério do Planeamento e Infraestruturas e a CP afirmaram que o bloqueio à aplicação dos acordos se verificava no Ministério das Finanças”.

“Perante o incumprimento/bloqueio realizado pelo Ministério das Finanças aos acordos celebrados pelo Ministério do Planeamento, CP-Comboios de Portugal e SFRCI, aos trabalhadores só resta o conflito laboral, pois não se entende a política de gestão danosa que o Ministério das Finanças impõe à CP”, acrescentou o sindicato.

Assim, segundo o sindicato, por falta de trabalhadores das bilheteiras, “a CP deixa de cobrar milhares de euros”, enquanto por falta de revisores “existem comboios que transportam cerca de 900 utentes (mais de oito carruagens ou mais de uma unidade indivisível) que por questões de segurança, deveriam circular com dois revisores e circulam só com um, colocando em risco a segurança dos utentes e da circulação”.

(Notícia atualizada às 13h38)

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