Portugueses emigram menos do que nos anos da “Troika”
Os portugueses estão a emigrar menos do que entre os anos de 2011 a 2015, quando Portugal esteve sob assistência externa.
Os portugueses estão a emigrar menos do que entre os anos de 2011 a 2015, quando Portugal esteve sob assistência externa, disse este sábado o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, baseando-se nas estatísticas dos últimos anos. “Espero que a tendência de redução de saídas de cidadãos portugueses do país se aprofunde em 2018 à semelhança do que tem sucedido nos últimos dois anos”, disse José Luís Carneiro à agência Lusa.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2016, registaram-se 97 mil saídas de emigrantes (o Observatório da Emigração fala em cem mil) e 81 mil em 2017. O secretário de Estado estimou que as estatísticas de 2017 a divulgar até ao final do ano pelo Observatório da Emigração venham ao encontro das do INE.
Em 2011, emigraram 101 mil portugueses, número que subiu para 121 mil em 2012, 128 mil em 2013 e 134 mil em 2014, voltando a baixar para os 101 mil em 2015, segundo o INE. Já os dados do Observatório para a Emigração apontam para 85 mil em 2011, 105 mil em 2012, 120 mil em 2013, 115 mil em 2014 e 110 mil em 2015.
Estes números têm, claro, um contexto económico e de crise: Em 2011, Portugal pediu ajuda externa, e recebeu 78 mil milhões de euros de empréstimo por parte da troika, para evitar a bancarrota. E, após um processo de ajustamento financeiro e de correção dos desequilíbrios orçamental e externo, que provou recessão e a consequente emigração, a economia começou a recuperar. Em 2015, ainda com o governo de coligação liderado por Passos Coelho, já cresceu 1,8%. Depois, no primeiro ano do governo de António Costa, a economia abrandou, para acelerar em 2017 para 2,7%.
Baseando-se nas estatísticas, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse que, durante os anos de 2011 a 2015, emigraram cerca de 586 mil portugueses, dos quais 239 mil são considerados emigrantes permanentes.
José Luís Carneiro precisou que, dos 586 mil, 350 mil mantêm idas e vindas constantes ao país em períodos inferiores a um ano e correspondem a um novo perfil migratório, o de cidadãos em constante mobilidade, sendo considerados emigrantes temporários. Para a estatística, não são contabilizados os estudantes, nem cidadãos que viajem a turismo ou por questões de saúde.
Em 2017, segundo o INE, o número de emigrantes permanentes foi de 31.753 e de temporários 49.292.
“Já não emigram só para regressar quando alcançam a reforma, no fim de uma vida de trabalho, mas vão à procura de oportunidades de trabalho e experiências de vida em períodos curtos”, explicou.
Pela primeira vez desde 2011, o saldo migratório foi positivo em 2017, com o número de imigrantes permanentes (36.639) a ultrapassar o dos portugueses que saíram de forma permanente de Portugal (31.753).
Em 2011, saíram 41 mil portugueses e entraram no país menos de oito mil estrangeiros.
Apesar da tendência de decréscimo da emigração, dados das Nações Unidas apontam que, em 2017, eram 2,2 milhões os cidadãos nascidos em Portugal a residir no estrangeiro, 1,9 milhões em 2010 e dois milhões no ano 2000.
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