Passo a passo, como é feito o bolo que é rei na mesa de Natal. E saiba quanto custa

O bolo-rei já tem lugar marcado na mesa da consoada dos portugueses. Os padeiros arregaçam as mangas nos dias que antecedem as festividades, para produzir toneladas desta iguaria tradicional.

O bolo-rei é uma presença habitual na mesa de natal dos portugueses. Para muitos, comer uma fatia deste bolo é sinónimo da época festiva, e traz felicidade, exceto talvez para quem apanha a fava. O ECO foi descobrir como se faz este bolo tão tradicional, e acabou também por desvendar um segredo: onde se esconde o brinde.

Em alguns supermercados e hipermercados do país, o bolo é feito mesmo debaixo dos narizes dos clientes. Seguimos o rasto de farinha até aos bastidores do Pingo Doce de Linda-a-Velha, onde é fabricada a padaria e alguns bolos, entre eles o bolo-rei. A cozinha arranca às 5h da manhã, e nos dois dias que antecedem o Natal também está em funcionamento durante a noite.

Os bolos são confecionados nos supermercados e hipermercados.ECO

“Acabado de fazer, é logo posto à venda”, explica um dos padeiros responsáveis pelo bolo que recebeu o seu nome em referência aos Reis Magos. Depois de sair do forno, os últimos passos são colocar o brinde, estrategicamente debaixo de um dos pedaços de fruta, pincelar para dar brilho, e decorar com açúcar em pó. “O primeiro montinho vai esconder o buraco do brinde”, revela.

Mas vamos por partes. Tudo começa com a massa, que terá de repousar cerca de um quarto de hora, e que é misturada com frutos secos e frutas cristalizadas. Descanso completo, segue para ser cortada em 20 partes numa máquina. Uma equipa de aproximadamente quatro padeiros, que “já faz isto há muito tempo”, amassa cada pedaço e faz um furo no centro, para criar a forma típica do bolo.

Os movimentos estão automatizados e fazem-se com rapidez, mas não sem consequências. “Depois de um dia a fazer isto já não precisamos de ir ao ginásio”, brincam os padeiros. A equipa junta-se com mais frequência nesta altura, em que são precisas mais mãos para responder à procura.

As frutas cristalizadas são colocadas uma a uma.ECO

Depois das amêndoas laminadas são colocadas, uma a uma, as frutas cristalizadas — três tipos de abóbora (branca, vermelha e verde), pera, laranja e figo — e cerejas. Tudo composto, segue para o forno, durante pelo menos 30 minutos. Com o amassar, o repouso e o tempo no forno, demora cerca de uma hora e 20 minutos a fazer uma fornada.

Normalmente as cozinhas fazem 200 bolos-rei por dia, mas, à medida que o Natal se aproxima, a produção aumenta. Todos os anos saem dos fornos do Pingo Doce mais de 500 mil bolos destes. No ano passado, só nos dias 23 e 24 de dezembro, foram vendidas 200 toneladas de bolo-rei, nas lojas da cadeia de Soares dos Santos.

No Continente, também é na semana do Natal que se dá o maior pico de produção. Mesmo assim, “há ainda outros momentos de consumo já com bastante representatividade, nomeadamente o final do ano e o Dia dos Reis”, indica fonte oficial ao ECO.

Lugar marcado à mesa da consoada

Os portugueses não resistem a ter um bolo-rei na mesa para os convidados, mas existe uma grande diferença entre comprar numa pastelaria e no supermercado. Em alguns casos, pode mesmo ser mais do dobro do preço. No Pingo Doce consegue comprar um Bolo-Rei Tradicional por 6,99 euros por quilo, enquanto na pastelaria “O Careca”, no Restelo, o preço é de 19,50 euros por quilo.

O Continente, por exemplo, oferece várias opções que se situam entre os 6,99 e os 11,95 euros por quilo. Já nas pastelarias é quase sempre acima de 12 euros o quilo, sendo que a média ronda os 17 euros, de acordo com o levantamento feito pelo ECO. A Confeitaria Nacional terá sido a primeira casa no país onde se vendeu este bolo, por iniciativa de um pasteleiro que se baseou numa receita de Paris. Atualmente, vende o bolo-rei a 19,90 euros por quilo. Já a Padaria Portuguesa fixa o preço um pouco mais abaixo, nos 12,99 euros.

A confeção deste bolo, que, segundo as lendas, representa os presentes dos três Reis Magos, envolve vários ingredientes. Para além daqueles típicos como manteiga, farinha e ovos, acrescenta-se os frutos secos e as frutas cristalizadas. Estes elementos fazem subir o preço da confeção e, por sua vez, da venda. O custo de produção do bolo-rei é de três euros, na União Panificadora da Amadora, Lda (UPAL), indicou fonte oficial ao ECO.

Há que notar que a qualidade dos frutos irá sempre influenciar os custos. Mesmo assim, este preço possibilita boas margens. Alguns vêm com brinde ou fava, o que pode também fazer crescer o valor. A quem calhar esta última, é sinal de que terá de oferecer o bolo no próximo ano. Já o brinde é sinal de boa sorte. Estes elementos deixaram de ser tão comuns porque foi proibida a mistura direta de brindes em géneros alimentícios, mas é ainda possível colocar indiretamente.

E o bolo-rainha?

Existe também uma variação para aqueles que não são fãs das frutas cristalizadas, mas que apreciam uma abundância de frutos secos. O bolo-rainha tem vindo a ganhar um lugar à mesa, mas traz consigo um grande aumento no orçamento. Pode chegar a ser dez euros mais caro que a contraparte. Talvez por isso, “estes ainda não têm muita representatividade” nas vendas, diz a dona de uma pastelaria em Estremoz.

Bolo-rainha pronto a ir para o forno, no Pingo DoceECO

O bolo-rainha custa mais 1,50 euros a fabricar do que o seu “consorte”, fixando-se nos 4,50 euros, na UPAL. A adição de mais ingredientes como amêndoas, nozes, pinhões e avelãs, misturados com a massa, encarecem este bolo.

Existem também outras versões dentro da família, como o bolo príncipe, ou ainda variações como o bolo-rei de chocolate, de maçã ou também escangalhado.

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