Cientistas de Portugal e Noruega criam novo meio de impressão 3D para indústria
Investigadores desenvolveram um sistema robótico de impressão 3D com seis eixos de movimento, que possibilita “a impressão de peças metálicas de grandes dimensões em vários ângulos e planos".
Investigadores de Portugal e da Noruega desenvolveram um sistema robótico de impressão 3D com seis eixos de movimento, que possibilita “a impressão de peças metálicas de grandes dimensões em vários ângulos e planos”, foi esta quarta-feira anunciado.
Uma equipa de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e do Instituto Tecnológico para a Indústria da Noruega (SINTEF) desenvolveu, “pela primeira vez”, um sistema robótico de “impressão 3D [três dimensões] com seis eixos de movimento, possibilitando a impressão de peças metálicas de grandes dimensões em vários ângulos e planos”, afirma a FCTUC, numa nota enviada hoje à agência Lusa.
O novo sistema representa uma nova geração de impressão 3D para toda a indústria que utilize “materiais metálicos de grande envergadura” (indústrias aeronáutica e do petróleo, por exemplo), com impactos relevantes na redução de tempo e de custos de produção”, sublinha a FCTUC.
A nova tecnologia já teve o interesse da multinacional indiana Tata Steel, uma das maiores fornecedoras de metal do mundo, acrescenta.
Além de possibilitar o dobro da ‘performance’ das tradicionais impressoras 3D (que usam três eixos), “a grande mais-valia deste novo sistema robótico” é, de acordo com a FCTUC, a sua flexibilidade, permitindo “acoplar um conjunto de ferramentas nunca antes conseguido”, especialmente um ‘software’ de simulação em tempo real.
“A capacidade de simular o processo em tempo real” – a simulação é feita ao mesmo tempo que acontece a impressão da peça – é de “extrema importância, pois conduz a grandes facilidades durante toda a produção”, sublinha Norberto Pires, coordenador do projeto.
“A simulação simultânea, que abrange diversas variáveis e parâmetros (dureza, temperatura, mudanças de fase no material, etc.), permite corrigir de imediato qualquer anomalia que possa surgir. Atualmente, a impressão é realizada por tentativa/erro até se obter os parâmetros desejados”, esclarece ainda Norberto Pires, citado pela FCTUC.
Para obter esta configuração robótica, os investigadores tiveram de superar vários desafios, o primeiro dos quais “perceber se a tecnologia robótica atual estava disponível para absorver um sistema desta complexidade”.
Ultrapassada aquela fase, sucederam-se vários estudos com o objetivo de encontrar fórmulas que “permitissem gerar sem problemas as trajetórias de impressão para um robô de seis eixos ou mais”, explicita Norberto Pires.
Mas, resolvido o problema das trajetórias, surgiram mais dois dilemas: “Por um lado, descobrir uma forma para adaptar a tecnologia de impressão existente a um sistema deste tipo – automação e integração de tecnologia – e, por outro, conseguir incorporar ferramentas de simulação que possibilitassem a correção em tempo real dos parâmetros de impressão das peças”, relata ainda o investigador e docente do Departamento de Engenharia Mecânica da FCTUC.
A entrada no mercado desta solução depende do investimento que é elevado, reconhece o cientista, estimando um valor de dois milhões de euros. Por isso, constituiu e lidera um consórcio que reúne centros de investigação da Universidade Nova de Lisboa e de várias universidades da Alemanha, da Áustria, de Espanha e da Noruega, bem como empresas de diferentes ramos de atividade (no âmbito do consórcio foi já submetido um projeto à União Europeia).
Os resultados da investigação, financiada pelo programa comunitário de apoios PT2020 (Portugal 2020) e por bolsas de ignição, foram publicados na revista científica Emerald.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Cientistas de Portugal e Noruega criam novo meio de impressão 3D para indústria
{{ noCommentsLabel }}