TAP voltou aos resultados negativos em 2018. Prejuízos serão de dezenas de milhões de euros

As indemnizações por atrasos, o preço do petróleo, a contratação de pessoal e a relação difícil com a ANA deverão ser as principais causas para os resultados negativos.

O presidente da TAP, Antonoaldo Neves.Fernando Veludo/Lusa

A TAP registou prejuízos na ordem das dezenas de milhões de euros em 2018, segundo apurou o ECO junto de diversas fontes. Apesar das grandes expectativas geradas pelo aumento do número de aviões e pilotos, bem como pelos lucros de 21,2 milhões de euros alcançados pelo grupo em 2017, os resultados líquidos regressaram ao vermelho no primeiro ano de Antonoaldo Neves como presidente executivo.

As contas ainda não estão fechadas, o que deverá acontecer até 15 de março, quando a Parpública (a sociedade do Estado que tem a participação na TAP) fechar as suas próprias contas consolidadas. Esta notícia foi revelada em primeira mão na nova newsletter semanal do ECO, o ECO Insider, reservada a subscritores e enviada às sexta feiras a partir das 15h30. Os atrasos (que exigem o pagamento de indemnizações que deverão rondar os 100 milhões), o preço do petróleo, a contratação de pessoal e a relação difícil com a ANA deverão ser as principais causas para os prejuízos. O grupo de aviação regressa, assim, aos resultados negativos, depois de ter apresentado lucros de 21,2 milhões em 2017, que se seguiram a uma década de prejuízos.

Antonoaldo Neves é presidente executivo da TAP desde o dia 31 de janeiro de 2018, dia da assembleia geral da companhia, substituindo o histórico Fernando Pinto. Prometeu muito, cumpriu quase tudo, mas ainda não nos resultados. As relações entre o acionista Estado e David Neelman são de tensão permanente, sendo que os resultados negativos e a necessidade premente de capital deverão aumentar a pressão.

Miguel Frasquilho, o chairman nomeado pelo Governo, tentou há dias baixar as expectativas. Falou de um “intervalo” na trajetória de crescimento, que deverá ser retomada já este ano, mas as declarações terão sido mal recebidas pela gestão executiva. A Atlantic Gateway queria avançar para a operação de venda de ações no mercado, o que seria impensável para o Governo em ano eleitoral, apesar das necessidades financeiras que deverão atingir os 300 milhões de euros, este ano. Contactada pelo ECO, a TAP remeteu comentários para depois do fecho de contas.

A companhia aérea nacional transportou quase 16 milhões de passageiros em 2018, o que representa um crescimento de 10,4% face ao ano anterior. Foram as rotas na Europa que contribuíram mais para este aumento, onde a companhia transportou mais 932 mil passageiros do que em 2017. Ainda assim, a taxa de ocupação caiu dois pontos percentuais, para 81%, “devido a um crescimento da oferta superior ao aumento da procura”, de acordo com a TAP.

Nos últimos três anos, com mais capital e com a ousadia de David Neeleman e Humberto Pedrosa, a TAP passou a ter mais aviões (93 no total e vão chegar mais este ano), mais pilotos (e vêm mais mil em 2019), mais e novas rotas e muitos mais passageiros. No entanto, também tem mais dívida, para financiar a operação de compra de aviões.

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