Que carros compram os portugueses? Fizemos o retrato-robô
Os portugueses estão a comprar mais carros. Continuam a preferir as berlinas de cinco portas, mas as das versões utilitárias. E ninguém bate o Renault Clio... a diesel.
Comprar um carro nem sempre é fácil. Há muitas marcas, muitos modelos e motores, mas a dificuldade principal prende-se, muitas vezes, com os euros que têm de se gastar. Com tantas variáveis em cima da mesa, e com a questão financeira a assumir lugar de destaque, qual será então o carro-tipo que mais sucesso tem entre os portugueses?
Naquele que foi mais um ano de crescimento nas vendas de automóveis novos, com um total de 228.327 veículos a saírem dos stands, o ECO foi fazer um retrato-robô do tipo de carros que passaram a andar nas estradas nacionais. Conheça as preferências dos portugueses que comprar um “zero quilómetros”.
Coupé? Cabrio? Não… berlinas
Certamente muitos portugueses gostariam de ter um carro mais desportivo. Um coupé, um cabrio, ou mesmo um roadster, mas dificilmente este é o tipo de veículo para o dia-a-dia. E, por isso, o peso destas carroçarias nas vendas acaba por ser muito reduzido, recaindo a preferência nas berlinas.
De acordo com dados da ACAP, 44% dos veículos vendidos no ano passado foram berlinas de cinco portas — as de três portas representaram apenas 2%. Esta carroçaria arrasa com todas as outras, mas o seu peso encolheu por causa de uma outra, cada vez mais na moda: os SUV.
Os SUV 4×2, que em 2017 representaram 19% das vendas, viram a sua representatividade no mercado crescer para 25%, ou seja, um quarto do total, com os SUV 4×4 a ficarem com mais 3% do mercado. Estes veículos que oferecem posições de condução mais elevadas estão a “roubar” clientes tanto às berlinas como às carrinhas, que passaram a pesar 14% do mercado (pesavam 18% em 2017).
Utilitários? Sim. Cada vez mais
Então, mas que berlinas são essas que atraem tantos portugueses? São berlinas… utilitárias. Ou seja, veículos de reduzidas dimensões. Já tinham representado 40,2% das vendas em 2017, mas no ano passado aumentaram ainda mais o seu peso no mercado, sendo responsáveis por 42% do total.
Atrás dos utilitários vêm os familiares médios/compactos, com 37,6% das vendas, seguidos dos familiares grandes/executivos, que representaram 10% das unidades comercializadas. Venderam-se mais destes modelos do que dos citadino, o segmento abaixo dos utilitários.
O mesmo líder há seis anos
Uma berlina de cinco portas, utilitária… é o Clio. É o modelo que vem à cabeça de muita gente. E a explicação é simples: é um sucesso de vendas no mercado nacional há muitos anos. O utilitário da Renault foi, em 2018, o mais vendido no mercado nacional pelo sexto ano consecutivo.
Foram vendidas 13.592 unidades do Clio em 2018 — apresentou um crescimento de 6,7%, segundo dados da ACAP –, conseguindo praticamente duplicar o número de veículos vendidos pelo segundo da lista, o Qashqai. O SUV da Nissan entrou para o pódio no ano passado, tendo sido vendidas 6.836 unidades.
A fechar o top 3 está o 208, da Peugeot, seguido de mais dois modelos da Renault, o Captur (outro SUV, mas este de menores dimensões) e o Mégane.
Diesel… lidera, mas por pouco
A maioria dos veículos comercializados no ano passado em Portugal continuou a recorrer a motores a gasóleo, mas o peso deste caiu a pique. A gasolina subiu de forma expressiva, de acordo com dados da ACAP.
O peso do diesel encolheu de 61% para 53% ao mesmo tempo que o da gasolina aumentou para 39%. Já em janeiro, e numa altura em que está acesa a discussão sobre o futuro do diesel depois de o ministro do Ambiente e da Transição Energética ter aconselhado os portugueses a não os comprarem, a gasolina superou a venda dos diesel, o que não acontecia desde 2004.
Mais energias alternativas. A maioria? Híbridos
Matos Fernandes atacou o diesel, apontando os elétricos como o futuro. E, de facto, as vendas de carros 100% elétricos estão a crescer de forma expressiva. De acordo com dados da ACAP, as vendas destes “puros” elétricos registaram um crescimento de 148%, tendo sido vendidas 4.073 unidades.
Mas a maioria dos automóveis movidos a energias alternativas adquiridos pelos portugueses não são totalmente elétricos. “Considerando apenas o total das vendas em 2018 de veículos movidos a energias alternativas, quase metade (43%) é constituída por híbridos elétricos convencionais“, diz a ACAP, notando que só depois vêm os elétricos puros, seguidos de perto dos híbridos plug-in.
No global, as vendas destes veículos de muito baixas emissões representaram 7% do total, sendo os elétricos puros responsáveis por 1,8% de todos os carros comercializados no ano passado no mercado nacional. Só na Holanda, Suécia e Áustria os 100% elétricos têm um peso superior nas vendas totais.
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