Economia cresceu 2,1% em 2018, menos do que no ano anterior e abaixo da previsão do Governo

Últimos três meses de 2018 foram os piores desde o segundo trimestre de 2016. No conjunto do ano, a economia travou e o Governo falhou a meta. Exportações e investimento ditaram desaceleração.

Está confirmado. A economia portuguesa abrandou em 2018. O PIB subiu 2,1%, mas em 2017 tinha saltado 2,8%. O número, que foi revelado esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), ficou abaixo da previsão do Governo. Na reta final do ano, a economia regressou a ritmos de crescimento anteriores ao pico da retoma.

De acordo com o INE, o PIB subiu 0,4% no último trimestre do ano em relação aos três meses anteriores, ditando uma taxa de variação homóloga de 1,7%. Estes registos comparam com uma taxa de variação em cadeia de 0,3% e uma variação homóloga de 2,1% no terceiro trimestre do ano.

A taxa de variação homóloga observada mostra que na reta final de 2018 a economia apresentou o pior desempenho do ano, sendo necessário recuar ao segundo trimestre de 2016 (antes do pico da retoma) para encontrar uma taxa mais baixa (no caso 1,3%).

Este comportamento contribuiu para que o ano fechasse com um aumento do PIB inferior ao que o Governo esperava. No Orçamento do Estado, o Executivo apontava para uma taxa de crescimento do PIB de 2,3%. O Executivo é o mais otimista. Todas as restantes instituições acreditam que será menor. A Comissão Europeia, a última a apresentar previsões, aposta numa subida do PIB de 2,1%. Também os economistas apontam para esse número.

Exportações e investimento ditam abrandamento

“Em 2018, o PIB aumentou 2,1% em volume, menos 0,7 pontos percentuais que o observado no ano anterior. Esta evolução resultou do contributo mais negativo da procura externa líquida, verificando-se uma desaceleração das Exportações de Bens e Serviços mais acentuada que a das Importações de Bens e Serviços, e do contributo positivo menos intenso da procura interna, refletindo o crescimento menos acentuado do Investimento”, diz o INE na nota publicada esta quinta-feira.

Quanto à reta final do ano passado, o instituto estatístico revela que a economia abrandou nos últimos três meses, já que a “procura externa líquida apresentou um contributo para a variação homóloga do PIB mais negativo que o observado no trimestre anterior, refletindo uma diminuição em volume das exportações de bens. Em sentido contrário, o contributo positivo da procura interna aumentou, em resultado da aceleração do Investimento e do consumo privado”.

Já no que respeita à taxa de variação em cadeia que mede a evolução entre trimestres, o PIB aumentou 0,4%. “O contributo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB foi menos negativo, enquanto o contributo positivo da procura interna se manteve positivo mas inferior ao observado no terceiro trimestre”.

Em abril, o Governo volta a atualizar previsões quando enviar para Bruxelas o Programa de Estabilidade. É expectável que o Governo reveja em baixa a projeção de crescimento para 2019. No Orçamento do Estado, a previsão é de 2,2%, mas todas as instituições apontam para um crescimento mais fraco. A Comissão Europeia, que tem as previsões mais recentes, acredita que Portugal crescerá 1,7%.

O ministro das Finanças tem defendido, na qualidade de presidente do Eurogrupo, que são motivos políticos que está a ditar o abrandamento a nível europeu, e pediu recentemente que não se fale de crise quando se está perante uma desaceleração.

(Notícia atualizada)

 

 

 

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