FMI alerta para risco de queda dos preços das casas nos próximos três anos

O crescimento mais lento dos preços, a sobrevalorização dos imóveis e o excesso de crédito concedido podem contribuir para uma queda abrupta dos preços das casas nos próximos três anos.

Os preços das casas já têm vindo a subir de forma mais lenta, mas correm o risco de cair abruptamente nos próximos três anos, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI). Este abrandamento no crescimento dos preços, a sobrevalorização dos imóveis e o aumento excessivo dos créditos concedidos podem vir a prejudicar a banca e, consequentemente, a economia mundial. Para evitar este cenário, a instituição acredita que as políticas macroprudenciais e as políticas monetárias poderão ter um papel fundamental.

“Os dados mais recentes parecem apontar para um aumento do risco de queda dos preços dos imóveis nos próximos um a três anos em alguns países. Isso pode ser motivo de preocupação para a estabilidade financeira e para as perspetivas macroeconómicas mundiais a médio prazo“, refere a instituição financeira, no relatório Downside Risks to House Prices, publicado esta quinta-feira.

Nos últimos anos, o rápido aumento dos preços da habitação em muitos países suscitou preocupações sobre a possibilidade de uma queda abrupta e as suas potenciais consequências. Olhando para o momento atual do mercado imobiliário a nível mundial, o FMI mostra-se preocupado com a desaceleração na subida de preços das casas, a sobrevalorização dos imóveis e o aumento excessivo de crédito à habitação concedido. Todos estes são fatores que vão acabar por prejudicar a banca e, consequentemente, a economia mundial.

Na verdade, no que toca ao crédito concedido, já foram várias as instituições a alertar para este tópico, nomeadamente o Banco de Portugal (BdP). Em fevereiro do ano passado, de forma a travar o facilitismo na concessão de crédito, Carlos Costa criou três limites: máximo de 90% para o rácio entre o montante do empréstimo e o valor do imóvel dado em garantia (LTV), taxa de esforço de até 50% e maturidade dos créditos de 30 anos.

Políticas macroprudenciais e monetárias podem ajudar?

De forma a evitar um futuro onde os preços caem abruptamente, o FMI acredita que há duas coisas que podem ajudar: as políticas macroprudenciais e a política monetária. “Embora o nível dos preços da habitação não deva ser considerado alvo direto para as políticas monetária ou macroprudencial ou para as medidas de gestão de fluxo de capital, a ligação entre as ações políticas e os riscos negativos para os preços das casas podem mostrar como essas ações influenciam as vulnerabilidades do setor habitacional e a estabilidade financeira“, refere a instituição liderada por Christine Lagarde.

O FMI conclui que políticas macroprudenciais mais rigorosas estão associadas a uma redução dos riscos de queda dos preços na habitação. Além disso, a “política monetária também pode influenciar os riscos negativos através da sua relação com as condições financeiras”.

Na prática, explica a instituição, para evitar uma queda abrupta nos preços, os formuladores destas políticas podem “construir buffers [almofadas financeiras] para os bancos” e garantir que as famílias não peçam demasiados empréstimos.

Outra das recomendações deixadas pelo FMI passa pela implementação de medidas de gestão de fluxo de capital. “Um aumento dos fluxos de capital tende a aumentar os riscos de queda nos preços dos imóveis nas economias desenvolvidas, mas os seus efeitos dependem dos tipos de fluxos e podem ser específicos de algumas regiões ou cidades”, refere a instituição. Estas medidas de fluxo de capital “podem ajudar quando outras opções de políticas são limitadas ou o momento é crucial”, remata.

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