Mexia: “Estamos tranquilos sobre o futuro da EDP e a parceria com a CTG”

O CEO da EDP reage com tranquilidade ao chumbo pelos acionistas de um dos requisitos para que a oferta pública de aquisição avançasse, o que resulta na extinção da OPA.

O fim da oferta pública de aquisição (OPA) da EDP pela China Three Gorges não compromete a relação entre a elétrica e o maior acionista. A garantia foi dada pelo CEO da empresa portuguesa, António Mexia, na conferência de imprensa que se seguiu à assembleia geral anual, onde foi ditada a morte da OPA.

“Independentemente dos resultados, a parceria [com a CTG] tem toda a força. Estamos tranquilos sobre o futuro da companhia e sobre a parceria“, afirmou António Mexia, sublinhando que a decisão “não representa uma divisão” entre os acionistas. “Há um conjunto de acionistas alinhado sobre o futuro do plano de negócios. Há um elemento de coesão. O que se passou hoje foi sobre a oferta e não sobre o futuro da companhia.”

Questionado sobre se a relação com a CTG poderia passar por uma joint venture da atividade no Brasil, como foi noticiado pela Reuters há um mês, Mexia deixou o tema em aberto. “Desde que a CTG entrou, sempre trabalhámos em conjunto. Trouxe capacidade de intervenção de forma que não tínhamos. Só aquilo que crie valor para todos os acionistas é que tem sido feito e que continuará a ser feito”, referiu o CEO.

Na assembleia-geral da elétrica desta quarta-feira, mais de dois terços dos acionistas votaram contra o fim da atual limitação de 25% aos direitos de voto dos acionistas, independentemente da participação. A desblindagem dos estatutos era um dos requisitos para que a OPA avançasse, pelo que o resultado da votação inviabiliza que a oferta continue em vigor.

“O resultado é da exclusiva responsabilidade dos acionistas. As conclusões são naturais, mas quero deixar claro que o plano que apresentámos ao mercado até 2022 — que recebeu o apoio de todos os acionistas — dá um sinal muito claro do que é a companhia e os objetivos”, frisou o CEO, referindo-se ao plano estratégico para os próximos quatro anos, que foi apresentado após a divulgação de resultados de 2018.

Foram 56,6% dos votos dos acionistas presentes na reunião (que representam 65,18% do capital) contra o fim do limites, segundo apurou o ECO. O ponto — que passou de 9 para 8 na agenda, após uma mudança já durante a reunião — sobre a desblindagem dos estatutos foi votado a pedido do fundo ativista Elliott, que já tinha deixado claro que pretendia votar contra a alteração e recomendou a todos os demais acionistas que também o fizessem.

Questionado sobre quem votou de que forma, Mexia respondeu apenas: “o voto é secreto. Quem queria defender a sua posição, esteve presente e os resultados são claros“. O CEO adiantou que não usou o seu direito de voto.

O fim dos limites de voto era especialmente relevante dado que os acionistas chineses, a CTG e a CNIC, são ambos detidos pelo Estado chinês. Juntos detêm quase 30% do capital, mas estão limitados ao teto da blindagem de estatutos, que é de 25%. A desblindagem resultaria na isenção da oferente e quaisquer entidades que, direta ou indiretamente, atual ou futuramente, venham a controlar a oferente, ou a ser controladas por esta, de serem consideradas concorrentes.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) tinha já esclarecido que, se os acionistas apoiassem o fundo Elliott, não se verificaria uma das condições necessárias e a oferta seria extinta. A CTG não abdicou desta condição e concordou com o regulador: se não se verificasse, a OPA cairia. Foi o que aconteceu.

No mesmo comunicado ao mercado esta terça-feira, a estatal chinesa reafirmou que vê a EDP como um investimento de longo prazo e não pretende abandonar o capital da elétrica. Tanto o CEO António Mexia como o presidente do conselho de supervisão da empresa, Luís Amado, lembraram também esta posição para reafirmar que a relação está de boa saúde.

“Independentemente do resultado da OPA, há coesão acionista”, disse Amado. “A CTG é considerada, pelos parceiros e órgãos sociais, um pilar fundamental de estabilidade da empresa. No statement que tornaram público, não deixaram de evidenciar a vontade de continuar a desempenhar essas funções. Houve uma manifestação clara de que a CTG quer manter a posição acionista”.

(Notícia atualizada às 19h10)

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