Quase todos os países da União Europeia vão crescer menos em 2019
A economia europeia deve crescer pelo sétimo ano consecutivo, mas com um abrandamento significativo, estima a Comissão. Itália vai violar acordo do défice com Bruxelas e arrisca sanções.
A economia europeia deverá crescer em 2019 pelo sétimo ano consecutivo, mas muito abaixo do que cresceu no ano passado e com os principais parceiros comerciais de Portugal a sofrerem um abrandamento significativo. Itália deve violar o compromisso do défice acordado com Bruxelas e abre a porta às sanções exigidas pelos países mais conservadores.
Todos os países da União Europeia vão crescer em 2019, mas em 28 Estados-membros, 25 deles – entre eles Portugal — vão crescer menos que no ano passado, fruto do abrandamento na parte final do ano passado, das tensões comerciais, a elevada incerteza de questões como o Brexit e um resultado excecionalmente fraco no setor da indústria.
De acordo com as Previsões de Primavera divulgadas esta terça-feira pela Comissão Europeia, a economia da União Europeia deve crescer 1,4%, muito abaixo dos 2,1% registados em 2018. Mesmo acelerando em 2020, a economia deve crescer no máximo 1,7%, ainda significativamente abaixo do nível verificado no ano passado.
O mesmo acontece na Zona Euro, onde quase todos os países vão crescer em 2019 menos do que cresceram em 2018. A única exceção é a Grécia, que deve crescer 2,2% este ano.
Nas últimas previsões que faz antes das eleições europeias, a Comissão apresenta um cenário longe do ideal. As tensões comerciais são uma das principais apontadas para o abrandamento, numa altura em que os Estados Unidos e a China parecem não se entender suficientemente para sequer se sentarem à mesa e retomarem as negociações tendo em vista um novo acordo comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Mas há questões mais especificas de cada Estado-membro que estão a ter um efeito de contágio no resto do bloco europeu. É o caso da queda da venda de automóveis que afeta, antes de mais, a Alemanha, maior economia do euro e terceiro maior parceiro comercial da economia portuguesa. A Alemanha deverá ver a sua economia crescer apenas 0,5%, quase um terço do verificado no ano passado.
Espanha, o principal mercado para as exportações portuguesas, deverá crescer menos 0,5 pontos percentuais do que em 2018, prevendo-se ainda assim que cresça 2,1% este ano, muito acima da média da zona euro e da União Europeia.
França, Reino Unido e Itália, os restantes países que completam os cinco países dentro da União Europeia para onde Portugal mais exporta, também deverão crescer menos este ano.
No caso de Itália as previsões apontam para uma situação ainda mais complicada. A economia italiana só deverá crescer 0,1% este ano e o défice deverá atingir os 2,4%, acima do valor negociado com a Comissão Europeia (2,04%), e exatamente o mesmo que o governo italiano queria, mas que Bruxelas rejeitou.
Este resultado abre a porta para sanções por incumprimento das regras orçamentais europeias contra a terceira maior economia do euro, um desfecho que tem sido defendido por alguns dos países mais conservadores do euro, como é o caso da Holanda.
Contra o Governo de Roma joga ainda a previsão feita para o défice em 2020, que a Comissão Europeia estima que seja de 3,6%. Neste caso, Itália não estaria apenas a violar a regra de redução do saldo estrutural, mas também ultrapassaria o limite dos 3% de défice estabelecidos no Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Os países mais conservadores no Eurogrupo têm defendido a aplicação de sanções à letra da lei, ou seja, para todos os países que violem os critérios quantitativos do défice, sem qualquer interpretação política que possa deixar de fora deste ‘castigo’ os países incumpridores.
Isso já tinha acontecido quando Portugal e Espanha foram ameaçados de sanções pela Comissão Europeia em 2016, devido aos resultados orçamentais do período entre 2013 e 2015. Mas as sanções – que incluíam uma multa e a suspensão de fundos estruturais — não avançaram.
Desde então este grupo de países — nos quais se inclui Alemanha, Holanda, Áustria e Finlândia – têm feito pressão junto da Comissão para que as regras sejam aplicadas tal como estão escritas, tendo inclusivamente enviado uma carta conjunta à Direção-Geral de Assuntos Económicos da Comissão Europeia a fazer esta exigência.
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