FMI: Tensões comerciais China-EUA são ameaça à economia mundial
Christine Lagarde, alertou para a renovada tensão comercial entre os Estados Unidos e a China, que "claramente constitui uma ameaça à economia mundial".
A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, alertou esta terça-feira para a renovada tensão comercial entre os Estados Unidos e a China, que “claramente constitui uma ameaça à economia mundial“.
“Esperamos que não aconteça”, afirmou Lagarde aos jornalistas, durante uma conferência, em Paris.
A diretora do FMI considerou que os mais recentes tweets e comentários “não são muito favoráveis”, e admitiu ter sido apanhada de surpresa.
“Tínhamos a impressão de que esta ameaça se estava a diluir, que as relações estavam a melhorar e estávamos próximos de um acordo”, afirmou Lagarde.
Para a responsável, é “imperativo” que as tensões “sejam resolvidas de maneira satisfatória para todos”.
Devemos proceder à “redução ou eliminação destas tensões” e adotar “um marco legal e regulatório”, pelo qual as empresas conheçam as regras tarifárias e não tarifárias com as quais desenvolverão a sua atividade.
O ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, anfitrião da conferência, afirmou também que “o risco de guerra comercial” é “a principal preocupação” de França e da União Europeia, num momento de desaceleração da economia global.
O máximo representante dos Estados Unidos nas negociações por um acordo comercial com Pequim confirmou hoje um aumento das taxas alfandegárias, a partir de sexta-feira, sobre bens importados da China.
Robert Lighthizer detalhou que o aumento, de 10% para 25%, das taxas alfandegárias incide sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares (178,4 mil milhões de euros) de bens importados do país asiático.
Em conferência de imprensa, Lighthizer acusou Pequim de “retroceder em compromissos anteriores”, após dez rondas de negociações.
Os governos das duas maiores economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de cada um.
Em causa está a política de Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as empresas estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
Os EUA consideram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da concorrência externa.
As negociações decorrem desde que, em dezembro passado, Washington e Pequim acordaram um período de tréguas, que foi entretanto prolongado, visando chegar a um acordo.
No entanto, o Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou, no domingo, que os EUA vão aumentar as taxas alfandegárias.
“Durante 10 meses a China pagou taxas alfandegárias aos Estados Unidos de 25% sobre 50 mil milhões de dólares [44,6 mil milhões de euros] de [bens] tecnológicos, e 10% sobre 200 mil milhões de dólares de outros bens”, escreveu Trump no Twitter.
“Os 10% vão ser aumentados para 25% na sexta-feira”, acrescentou.
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