Empresas que sobreviveram à crise estão mais pequenas e com menor volume de negócios

Estudo do Banco de Portugal sobre a estagnação da produtividade aparente do trabalho conclui que empresas exportadoras e importadoras são as mais produtivas, mas que só as importadoras tiveram ganhos.

As empresas que sobreviveram à crise tornaram-se mais pequenas, tanto no número de trabalhadores como no volume de negócios, diz o Banco de Portugal, numa análise à estagnação da produtividade aparente do trabalho em Portugal nos últimos anos, num período em que a produtividade na Europa tem crescido. Só um número pequeno de empresas apresenta níveis elevados de produtividade.

O Banco de Portugal fez um estudo para avaliar como é que a produtividade aparente do trabalho tem evoluído desde 2006 ao nível das empresas, para perceber se a estagnação é transversal a todos os setores e as diferenças na produtividade das empresas mediante a sua dimensão e o seu perfil de negócios.

De acordo com o estudo, que acompanha o Boletim Económico de Maio, há uma grande massa de empresas com níveis de produtividade reduzidos. Só um número pequeno de empresas tem níveis elevados de produtividade. Esta diferença é normal em economias avançadas, como os Estados Unidos e ou as economias europeias.

Entre as empresas avaliadas, o Banco de Portugal diz que as empresas que exportam ou importam produtos são empresas com maiores níveis de produtividade do que as empresas exclusivamente dedicadas ao mercado nacional. Os níveis de produtividade das empresas exportadoras mantiveram-se constantes ao longo do período de análise. Apenas os das empresas importadoras aumentaram, ainda que pouco.

Na análise entre os diferentes setores representados, não há praticamente alterações nos níveis de produtividade, mas há uma recomposição importante: há mais empresas nos setores mais produtivos, e mais empresas envolvidas no mercado internacional. Nos setores menos produtivos da economia, o número de empresas caiu, em parte devido ao fecho de empresas menos produtivas durante o período da crise.

O Banco de Portugal explica ainda que as empresas que sobreviveram ao período mais agudo da crise ficaram mais pequenas em termos de número de trabalhadores (há um aumento do número de microempresas) e também passaram a ter volumes de negócios mais reduzidos.

Já as empresas criadas desde 2008, ou seja, durante o período da crise, estas demonstraram que conseguem atingir rapidamente os níveis de produtividade das empresas já estabelecidas no mercado, os chamados incumbentes, mas não os conseguem ultrapassar. As razões para esta limitação não foram estudadas pelo banco central neste estudo, que fez apenas um retrato da produtividade, mas ainda não se debruçou sobre as causas propriamente ditas da sua estagnação.

Só as grandes e melhores empresas conseguem superar os ganhos de produtividade daquelas que já estão estabelecidas no mercado, mas este é um número muito reduzido de empresas.

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