INE confirma que PIB cresceu 2,1% em 2018. Exportações avançaram menos de metade do ano anterior
Portugal sobe com ajuda da procura interna: consumo das famílias e do Estado acelerou, mas o ritmo de investimento decresceu. Procura externa líquida deu contributo mais negativo.
O PIB cresceu 2,1% no ano passado, desacelerando face ao salto de 2,8% que o produto interno bruto (PIB) tinha dado um ano antes, naquele que foi o maior avanço desde o início do século. O número foi revelado esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), confirmando a estimativa rápida que o INE tinha publicado a 14 de fevereiro.
Além da travagem, os números revelam que o Governo falhou a meta de crescimento do PIB de 2,3%, que o Executivo considerou ficar a dever-se ao impacto da greve dos estivadores do porto de Setúbal, que travaram as exportações de carros da Autoeuropa.
Os dados do INE mostram que ao longo do ano a taxa de variação homóloga por trimestre perdeu força, um abrandamento visível a partir do terceiro trimestre. Entre outubro e dezembro, o PIB cresceu 1,7% face ao mesmo período do ano anterior. A taxa de variação em cadeia, que mede o desempenho da economia entre dois trimestres seguidos, foi de 0,4%. Estes números confirmam os valores provisórios inicialmente avançados pelo INE.
A procura externa líquida deu um contributo mais negativo para e economia que se manteve a crescer por causa do consumo das famílias e do Estado. As restantes componentes apresentaram evoluções piores em 2018 do que em 2017.
As exportações crescerem 3,7% no ano passado, contra 7,8% no ano anterior. As importações também abrandaram (4,9% contra 8,1%), mas o ano fechou com as compras de bens e serviços a avançar mais do que as vendas.
Assim, a procura externa líquida deu um contributo negativo de 0,7 pontos percentuais, mais do que duplicando o contributo negativo que deram para o crescimento económico. Em 2017, quando a economia registou o maior crescimento desde o ano 2000, a procura externa líquida tinha dado um contributo negativo de 0,3 pontos percentuais.
Famílias e Estado ajudaram PIB. Investimento perde força
Do lado da procura interna, foram as famílias e o Estado os responsáveis pelo crescimento do PIB. A procura interna (que agrega também o investimento total) deu um contributo positivo para o crescimento do PIB, de 2,8 pontos percentuais, ainda assim inferior ao que foi dado um ano antes quando a procura interna contribui com 3,1 pontos percentuais para a taxa de crescimento económico de 2,8%.
No entanto, as componentes do PIB do lado da procura interna não tiveram todas comportamentos iguais. As famílias e o Estado deram uma ajuda, mas o investimento não.
A taxa de variação do consumo privado acelerou de 2,3% em 2017 para 2,5% em 2018, com a compra de bens duradouros a desacelerar. O consumo público disparou com uma taxa de crescimento de 0,8% em 2018 contra 0,2% no ano anterior. Ao longo do ano as despesas de consumo final das Administrações Públicas apresentaram taxas de variação homóloga de 0,9% no segundo e no quarto trimestres.
Por outro lado, o investimento perdeu gás, com a taxa de crescimento a apresentar uma variação de 5,6% em 2018 contra 9,2% em 2017. Isto significa que o investimento (público e privado) cresceu, mas a um ritmo mais fraco e que correspondeu a cerca de 60% do apresentado no ano anterior. O INE explica que “a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em Outras Máquinas e Equipamentos registou uma desaceleração acentuada, passando de um crescimento de 14,4% para 6,7%“.
Além disso, “a desaceleração da FBCF em Equipamento de Transporte também foi pronunciada, registando uma taxa de variação de 3,6% (10,7% em 2017). A FBCF em Construção apresentou uma taxa de variação de 3,1% (8,3% em 2017)”. Já em sentido inverso, “observou-se um maior crescimento da FBCF em Produtos de Propriedade Intelectual, que passou de 3,4% para 4,9% em 2018”.
Evolução da economia entre 1996 e 2018
Em comunicado, o Ministério das Finanças salienta que “a economia portuguesa cresce há 21 trimestres consecutivos e mantém uma trajetória de convergência com a União Europeia e a zona euro“. “A desaceleração do crescimento face a 2017 (-0,7 pontos percentuais) ocorre num cenário de maior incerteza no plano geopolítico externo, que penaliza as maiores economias da Europa e, por essa via, as exportações portuguesas”, justifica.
Ainda assim, o ministério liderado por Mário Centeno salienta o papel das exportações e do investimento para o desempenho da economia, destacando as taxas de variação homóloga mas não as comparando com o que aconteceu no ano anterior. “Esta evolução foi suportada pelo crescimento, em termos reais, de 5,6% do investimento, com um perfil de aceleração no quarto trimestre (+7,2% em termos homólogos; + 3 pontos percentuais que no trimestre anterior); um aumento de 3,7% das exportações de bens e serviços; um crescimento de 2,5% do consumo privado; e um aumento moderado do consumo público (+0,8%).”
(Notícia atualizada com informações do comunicado do Ministério das Finanças às 15:39)
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