Mexia vê “forte procura de investidores” por ativos da EDP. Meta para este ano poderá ser ultrapassada

Em plena reestruturação para reforçar as renováveis, CEO da elétrica afastou a hipótese de uma integração com um concorrente para criar uma mega-eólica.

O grande interesse dos investidores por ativos da EDP poderá levar a empresa a acelerar as vendas. Numa altura de mudanças estratégicas, o presidente António Mexia explicou aos analistas que o plano está a correr como previsto. Quanto a uma fusão da atividade com outra empresa do setor, o CEO da elétrica excluiu a hipótese.

“Dado o forte apetite, está tudo a correr como previsto para a nossa rotação de ativos”, afirmou Mexia, na conferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre do ano. “Há uma forte procura dos investidores por estes ativos”, referiu sobre a estratégia de otimização do portefólio anunciada em março, na atualização do plano estratégico 2019-2022, em que definiu a meta de gerar mais de seis mil milhões de euros em receitas com vendas para reinvestir em renováveis e reforçar a folha de balanço.

Da rotação de ativos, a EDP antecipa gerar mais de 4 mil milhões de euros, sendo que já fechou um negócio no primeiro trimestre do ano. A Renováveis alienou um portefólio de tecnologia eólica, incluindo ativos em Portugal, Espanha, França e Bélgica (num total de 997 megawatts de capacidade instalada), por cerca de 800 milhões de euros.

Com esta venda, “basicamente atingimos 90% da nossa meta para este ano”, explicou Mexia. “Ainda há algumas coisas previstas para este ano e poderemos vir a fazer um pouco mais do que estava previsto para este ano porque o mercado tem condições para isso“, acrescentou, clarificando que não há mudanças no plano, mas que poderá ser acelerado para dar resposta à forte procura.

Além das rotações que visam reforçar o investimento nas renováveis, as alienações poderão levar a um encaixe de dois mil milhões de euros, sendo que a EDP quer reduzir a exposição à Ibéria, merchant e térmica. Sobre este segmento, o CEO deu menos pormenores, mas explicou que “os consultores estão a trabalhar nisso e a analisar todas as opções“. “A meta está plenamente em curso para o enquadramento temporal que foi anunciado no plano estratégico”, sublinhou.

Integração? “Não queremos estar no lugar do passageiro”

Com o forte investimento do grupo português nas renováveis, António Mexia foi questionado sobre um eventual problema de escala que viesse a limitar o crescimento da empresa e sobre se consideraria uma integração com um concorrente para criar uma mega-empresa de renováveis. Uma hipótese afastada pelo CEO.

“Somos um player de topo nas renováveis. A nossa reestruturação tem por base o facto de querermos reduzir exposição à Península Ibérica, merchants e térmico. Temos sido muito claros sobre onde queremos vender e estamos a trabalhar nisso enquanto falamos. Reconhecemos que as renováveis estão a mudar e essa é uma das razões para querermos cristalizar valor”, começou por responder.

“A escala é importante, claro. Em termos de ter as pessoas certas, trabalhar com fornecedores chave… De qualquer forma, provámos que podemos ser rápidos”, continuou, referindo-se ao forte crescimento do negócio das renováveis nos EUA. “Temos todo o equipamento e não queremos integrar-nos porque somos uma empresa de renováveis. Queremos ser rápidos, mas não queremos estar no lugar do passageiro“, sublinhou.

As renováveis representam já 61% do EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da empresa, que se situou nos 556 milhões de euros no primeiro trimestre de 2019 (menos 5% abaixo que no período homólogo). Já o lucro caiu 39% para 100 milhões de euros, penalizado pela pouca chuva na Península Ibérica.

A dívida líquida aumentou 268 milhões de euros para 13,7 mil milhões, reflexo de aceleração de crescimento e de pagamentos a fornecedores de imobilizado, enquanto o encaixe das transações de rotação de ativos são apenas esperados nos próximos trimestres.

O custo médio da dívida também subiu (para 4%, dos anteriores 3,7%), o que a empresa explicou estar relacionado com o peso na dívida em dólares norte-americanos e reais brasileiros. O CFO, Miguel Stilwell de Andrade, afirmou que a gestão “ainda está confortável com 4%”, mas que espera “realizar operações de refinanciamento a taxas de juro mais interessantes nos próximos meses”.

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