Antigo administrador da Caixa ataca EY. “É um relatório inconsistente, enviesado e limitado”, diz Francisco Bandeira

Antigo administrador e vice-presidente da Caixa, Francisco Bandeira começou a sua audição ao ataque à EY e ao relatório da auditoria. É "inconsistente", "limitado" e "enviesado", acusa.

Apresentou-se na comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD) como “bancário reformado” e logo no início da audição partiu ao ataque, acusando a EY de ter produzido um relatório “inconsistente”, “limitado” e “enviesado”. Mas as críticas de Francisco Bandeira, antigo administrador e vice-presidente do banco público, à auditora não ficaram por aqui.

“É um relatório inconsistente e pouco rigoroso, não identifica, não compara e não evidencia as razões de fundo: recessão económica profunda, debilidades estruturais da economia, as políticas económicas e estruturais até 2011, de enorme dependência do recurso a crédito bancário”, começou por referir Francisco Bandeira.

Em anteriores audições, outros responsáveis do banco também criticaram duramente o relatório da EY, incluindo Carlos Santos Ferreira e Faria de Oliveira, antigos presidentes. De resto, vários membros da administração de Faria de Oliveira (onde se inclui Francisco Bandeira) estavam a ponderar fazer queixa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) tendo em conta a forma como a EY fez o relatório.

“Não se pode ignorar o que foram as crises do subprime, de liquidez e soberana”, nem se pode ignorar a “passagem brusca do tempo da euforia para a crise financeira” que penalizou de forma acentuada o valor das ações dos bancos e os setores do imobiliário e construção. “Foi um tempo muito, muito difícil, mesmo para os mais experientes”, argumentou.

Ainda sobre a EY, Francisco Bandeira disse que fez “um relatório enviesado, que assenta numa amostra de créditos que não representa a Caixa”. É um relatório limitado, absolutiza o risco do crédito” e não considera outros aspetos, acrescentou ainda.

É um relatório feito de uma forma “muito pouco profissional” e é um “relatório tendencioso” e “descuidado”, onde são identificados “vários erros e incoerências”, sublinhou ainda. Por exemplo, a EY utilizou “normativos que foram aprovados posteriormente”, explicou Francisco Bandeira.

Bandeira disse que, olhando para o que se passou no sistema financeiro nacional no tempo da crise, a CGD até se comportou melhor do que os pares. “O banco público foi mais resiliente e menos destruidor de valor”, frisou. “Reconhecemos todos que podia ser melhor. Mas nenhum dos peers fez melhor”, destacou.

“Avaliar gestão por estes casos parece-me duro”

Mais tarde, questionado pelo PCP sobre o processo de concessão de crédito no banco, Francisco Bandeira classificou que servia de referência para o setor.

“A minha experiência e percurso me faria dizer que o processo de crédito na Caixa constituía, pela sua transparência, um bom benchmark”, disse o antigo gestor, voltando ao tema do relatório da auditoria que só analisou os maiores créditos que foram ruinosos para o banco.

“Estamos a analisar amostra que é 0,0003% da Caixa. Tem o seu contexto”, afirmou Francisco Bandeira, notando que se se juntassem todas as operações de financiamento, “os maus créditos apareceriam diluídos nos bons créditos”.

Avaliar a qualidade de gestão de crédito por estes casos parece-me duro. A concessão de crédito está alinhada nas melhores práticas”, concluiu Francisco Bandeira.

(Notícia atualizada às 21h33)

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