Italiano David-Maria Sassoli eleito à segunda Presidente do Parlamento Europeu. Europa Central e de Leste fica sem qualquer cargo de topo na UE

O dia em Estrasburgo começou com recados ao Conselho Europeu: quem escolhe o seu líder é o Parlamento Europeu. E está escolhido o socialista italiano David-Maria Sassoli.

O Parlamento Europeu já fez a sua escolha e voltará a ter um italiano na sua liderança. À segunda volta, o socialista italiano David-Maria Sassoli foi o escolhido para suceder ao seu compatriota Antonio Tajani, garantindo que Itália mantém um cargo de topo na hierarquia europeia, mas afastando qualquer candidato do centro e leste da Europa da liderança Europeia.

Havia quatro candidatos a alemã Ska Keller, dos Verdes, o italiano David-Maria Sassoli, dos socialistas, a espanhola Sira Rego, da Esquerda Unitária, e o checo Jan Zahradil, dos Conservadores e Reformistas. O PPE (centro-direita) e o ALDE (Liberais) não tiveram qualquer candidato a votação.

O Parlamento Europeu fez assim o que prometeu logo no início da sessão e votou o seu próprio candidato, recusando as sugestões informais feitas pelo presidente do Conselho Europeu depois da reunião dos chefes de Estado e de Governo.

Donald Tusk queria garantir algum equilíbrio regional, depois de o Conselho Europeu só ter escolhido candidatos aos cargos de topo oriundos de países da Europa ocidental (Alemanha, França, Espanha e Bélgica).

No entanto, entre os quatro candidatos só havia um candidato dos países mais a leste, o checo Jan Zahradil, do grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus. O checo ainda conseguiu ficar em segundo lugar na primeira ronda, à frente da alemã que representa os Verdes no Parlamento Europeu, Ska Keller, e da espanhola Sira Rego, da Esquerda Unitária, esta já a uma grande distância dos restantes.

David-Maria Sassoli será o presidente do Parlamento Europeu nos próximos dois anos e meio depois de conseguir 345 votos, quando precisava de 334 para ter maioria absoluta.

Nesta segunda e última ronda, David-Maria Sassoli, acabou por conseguir roubar votos à candidata dos Verdes, Ska Keller, que perdeu 14 votos na segunda ronda, e ao checo Jan Zahradil, que perdeu dois votos. A candidata espanhola da Esquerda Unitária, Sira Rego, foi a menos votada, mas ainda conseguiu mais um voto que na primeira ronda.

Resultado da segunda ronda de votações:

  1. David-Maria Sassoli (Socialistas, Itália): 345 votos.
  2. Jan Zahradil (Conservadores e Reformistas, República Checa): 160 votos.
  3. Ska Keller (Verdes, Alemanha): 119 votos.
  4. Sira Rego (Esquerda Unitária, Espanha): 43 votos.

A seguir à votação para a presidência, vai seguir-se a escolha dos vice-presidentes, da parte da tarde, havendo 14 destes cargos para ocupar. Pedro Silva Pereira é um candidato a um desses cargos de vice, ele que é eurodeputado socialista e foi ministro da Presidência de José Sócrates, confirmou fonte oficial do PS no Parlamento Europeu ao ECO.

Quem manda no Parlamento Europeu é o Parlamento Europeu

Depois de um mês de debate intenso, muita controvérsia e planos atrás de planos, a escolha dos chefes de Estado e de Governo para os cargos de topo na União Europeia acabou por deixar de fora todos os candidatos à Comissão Europeia pelas principais famílias políticas europeias: Manfred Weber, Frans Timmermans e Margrethe Vestager. Apesar de o Conselho Europeu não escolher o nome do presidente, ainda fez sugestões para tentar garantir algum equilíbrio regional, mas o Parlamento não ficou contente nem com a forma como foi alcançado o acordo, nem com sugestões e fez questão de garantir isso mesmo.

O presidente cessante, o italiano Antonio Tajani — também ele um antigo comissário europeu –, disse ainda antes da votação que quem escolhe o presidente do Parlamento Europeu são os eurodeputados, de forma independente.

“O Parlamento votará o seu presidente independentemente de qualquer sugestão externa”, afirmou o italiano.

Também a alemã Ska Keller, líder dos Verdes, um dos partidos que mais cresceu nas últimas eleições europeias deixou esse recado aos líderes do Conselho Europeu, e de forma mais veemente.

“Não podemos permitir que o Parlamento seja tratado como moeda de troca em negociações de bastidores num formato arcaico no Conselho Europeu. Esta não é a mensagem que que devemos enviar aos cidadãos” europeus, disse.

Em cima da mesa do Conselho Europeu, juntamente com o pacote de nomes com Ursula von der Leyen e Christine Lagarde, esteve ainda a sugestão do búlgaro Serguei Stanishev para o Parlamento Europeu, um nome que não foi acolhido pelas principais famílias políticas no Parlamento Europeu, que escolheram outros candidatos.

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