Com juros em mínimos históricos, Portugal vai emitir dívida a 10 e 26 anos

Em linha com a estratégia de alongar maturidades, o IGCP vai realizar um leilão duplo de títulos de longo prazo, apesar de Casalinho ter dito esta semana que não sabe se há procura por estes títulos.

Portugal vai emitir dívida de longo prazo, numa altura em as obrigações de médio prazo (até sete anos) já negoceiam com juros negativos em mercado secundário. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP anunciou um leilão duplo de obrigações do Tesouro (OT) a 10 e 26 anos, que irá acontecer na próxima quarta-feira.

“O IGCP, E.P.E. vai realizar no próximo dia 10 de julho pelas 10h30 dois leilões das OT com maturidade em 15 de junho de 2029 e 15 de fevereiro de 2045, com um montante indicativo global entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros“, anunciou o IGCP em comunicado.

A linha de 15 de fevereiro de 2045 (ou seja, obrigações a 26 anos) vai ser reaberta após um leilão a 14 de março do ano passado, sendo que esta será a primeira vez, este ano, que Portugal coloca dívida mais longa do que 18 anos.

A colocação segue a estratégia de alongamento de maturidades que o IGCP tem levado a cabo, mas poderá ser um risco. A presidente da agência, Cristina Casalinho, defendeu esta semana no Parlamento que “emitir dívida a 30 anos hoje teria taxas muito próximas de 1,5%“. Por isso, considera que há uma “vantagem significativa em estender maturidades”.

No entanto, lembrou que “para isso temos de ter procura e não temos a certeza que exista”. Os investidores que procuram dívida mais longa são fundos de pensões e companhias de seguros, que têm exigências de risco maiores e ainda têm uma presença “rarefeita” enquanto compradores de dívida pública portuguesa, como a própria admitiu.

“30 anos pode ser um limite. Não sabemos porque não temos dívida mais longa”, disse Casalinho, acrescentando que “Espanha e Itália não emitiram, este ano, a mais de 20 anos“. Portugal vai assim arriscar uma procura mais limitada ao emitir dívida a 26 anos, numa altura em que os juros têm caído de forma expressiva em todas as maturidades.

Do total de dívida pública portuguesa que os investidores podem trocar entre si no mercado secundário (125,5 mil milhões de euros), 61% transaciona com juros negativos (76,8 mil milhões de euros). Só esta semana, com a entrada dos títulos a seis e sete anos nesta categoria, o montante aumentou em 21,7 mil milhões.

No caso das obrigações a dez anos, o juro não está negativo, mas em mínimos históricos. Passou na quarta-feira pela primeira vez a barreira dos 0,3%, apenas um dia depois de ter quebrado os 0,4%. Esta sexta-feira, as OT com esta maturidade negoceiam em 0,42%.

A última vez que Portugal emitiu nova dívida a 10 foi a 12 de junho. Na altura, o Tesouro pagou o juro mais baixo de sempre para emitir títulos com esta maturidade. Emitiu 625 milhões de euros com uma taxa de 0,639%, com uma procura 1,8 vezes superior à oferta.

(Notícia atualizada às 13h25)

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