FMI garante que China interveio pouco na cotação do yuan

  • Lusa
  • 10 Agosto 2019

Relatório do FMI conclui que a taxa de câmbio real efetiva do yaun cumpre as regras básicas. Mas defende que a China devia ser mais transparente ao explicar os movimentos da moeda.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) garantiu este sábado que o Banco do Povo Chinês (banco central) realizou “poucas intervenções” sobre o câmbio do yuan face a divisas estrangeiras nos últimos anos.

Num relatório sobre a economia chinesa no último ano, o organismo citou como exemplo que, após a desvalorização do renminbi (nome oficial do yuan), registada entre junho e agosto de 2018, a divisa chinesa manteve-se “geralmente estável” frente às principais moedas internacionais.

O documento foi divulgado na mesma semana em que o yuan ultrapassou, pela primeira vez desde 2008, a barreira psicológica das sete unidades por dólar norte-americano, com alguns especialistas a consideraram que o banco central chinês permitiu deliberadamente esta desvalorização em resposta ao anúncio do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de novas taxas alfandegárias de 10% sobre 300 mil milhões de dólares de importações chinesas, a partir de 01 de setembro.

A perda de valor do yuan levou o Departamento do Tesouro norte-americano a designar oficialmente a China como país “manipulador de divisa”, algo em que Trump insistia há anos. E, embora o relatório do FMI se refira a 31 de julho último, as conclusões são que a taxa de câmbio real efetiva cumpre as regras básicas.

No entanto, no documento sublinhou-se que a China devia ser mais transparente ao explicar os movimentos do yuan e permitir uma maior flexibilidade na taxa de câmbio.

Atualmente, o Banco do Povo Chinês fixa uma taxa de referência diária para cotação nos mercados internos. O yuan não é inteiramente convertível, sendo que o valor face a um pacote de moedas internacionais pode variar até 2% por dia.

A taxa de referência para investidores internacionais, nos mercados externos como o de Hong Kong, não é regulada pelo banco central chinês.

No início da semana, as praças financeiras mundiais registaram fortes perdas depois de Pequim permitir que o yuan caísse para o valor mais baixo em 11 anos, em relação ao dólar, mas o Banco do Povo Chinês garantiu às empresas que não permitirá mais quedas acentuadas e que a taxa de câmbio se manterá estável.

A instituição chinesa justificou a depreciação do yuan, na segunda-feira, como “medidas unilaterais e protecionismo comercial” e de “imposição de aumento de taxas alfandegárias contra a China”, numa clara referência ao último episódio da guerra comercial que começou entre Pequim e Washington, no verão passado.

Um yuan mais fraco significa que os produtos chineses são mais baratos, o que pode ajudar a conter o efeito negativo das novas taxas sobre a competitividade da economia chinesa.

Em relação à guerra comercial entre os Estados Unidos e Pequim, desencadeada por Trump em março de 2018, o FMI lembrou “a grande incerteza” económica que implica a curto prazo e aconselhou a China a suspender benefícios adicionais, principalmente fiscais, caso a situação se agrave.

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