Powell não sinaliza novo corte de juros. Diz que estado da economia é “favorável”

Presidente da Reserva Federal norte-americana discursou esta sexta-feira em Jackson Hole depois de ter anunciado, há três semanas, o primeiro corte nos juros de referência desde 2008.

O presidente da Reserva Federal (Fed) norte-americana está otimista em relação aos desenvolvimentos económicos nos EUA e acredita que o corte de juros anunciado em julho está a resultar. No discurso de abertura do simpósio de Jackson Hole, Jerome Powell reafirmou que a Fed irá “agir de forma apropriada”, sem sinalizar novos cortes.

“À medida que o ano tem avançado, temos monitorizado três fatores que estão a pesar sobre o outlook favorável: a desaceleração económica, as incertezas da política comercial e a inflação moderada”, explicou Powell, sublinhando que desde meados deste ano que as condições da economia global se têm deteriorado e que, apesar da retoma da inflação para próximo do objetivo de 2%, ainda há preocupações.

“Os participantes do Comité [o braço de política monetária da Fed] reagiram de forma geral a estes desenvolvimentos e aos riscos que eles representam, ao reverem em baixa as projeções do caminho apropriado para as taxas de juro de referência. A par do corte de juros de julho, as mudanças aliviaram as condições financeiras e ajudam a explicar porque é que o outlook de inflação e emprego continua amplamente favorável“, disse Powell.

A Fed anunciou, a 31 de julho, o corte da taxa de juro de referência em 0,25 pontos percentuais, reduzindo as taxas pela primeira vez desde dezembro de 2008, para o atual intervalo entre 2% e 2,25%. Na altura, sinalizou que se irá manter atenta às condições económicas e que poderá agir novamente caso os objetivos não se concretizem.

O mercado encarou a decisão como um início de um novo ciclo de descidas nos juros, mas a Fed tem vindo a reajustar as expectativas. Vários membros dentro do comité já explicaram que este foi um ajustamento para impulsionar a economia e que poderá mesmo ficar por aqui. As minutas da reunião mostraram ainda que a decisão não foi consensual e os responsáveis quiseram garantir que passavam a mensagem: as opções estão em aberto, mas novos cortes no futuro não são prováveis.

Powell — que tem sido pressionado pelo presidente dos EUA, Donald Trump a afundar os juros de referência — reafirmou essa posição, esta sexta-feira: o outlook é favorável, mas os riscos são elevados. “Estamos a observar cuidadosamente os desenvolvimentos, enquanto avaliamos as suas implicações para o outlook dos EUA e para a progressão da política monetária”, disse. “Vamos agir de forma apropriada para apoiar a expansão económica“.

O presidente da Fed fez uma análise da política monetária norte-americana desde a Segunda Guerra Mundial no simpósio que vai reunir até sábado banqueiros centrais, economistas e decisores políticos em Jackson Hole, no estado norte-americano de Wyoming.

Este era o discurso mais aguardado do evento, onde o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, não estará presente. Wall Street reduziu as perdas após as palavras de Powell, mas continuou a negociar em terreno negativo, pressionado pelas novas tarifas da China aos produtos norte-americanos. Os três principais índices perdem entre 0,1% e 0,3%, enquanto os juros das Treasuries seguem em queda.

(Notícia atualizada às 15h30)

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