Cofina/TVI: Presidente da Altice vê negócio com tranquilidade mas “triste” por Portugal “perder 200 milhões”
Altice vai avaliar se concentração Cofina/Media Capital justifica “recuperar um projeto” de produção de conteúdos, depois de há um ano ter desistido da compra da Media Capital.
O presidente da Altice disse que vê com tranquilidade a compra da Media Capital pela Cofina e que o grupo não irá “estorvar”, mas que “como português” está “triste” por Portugal “perder 200 milhões de euros num ano”.
“[Olhamos] com expectativa, com olhos de espetador apenas (…) Estamos a observar com tranquilidade. É uma convergência aparentemente estritamente no setor dos ‘media’ e aí não somos um ‘player’ ativo hoje, ainda, pelo menos de relevo”, afirmou Alexandre Fonseca numa conversa com jornalistas, em Lisboa.
Contudo, disse, a Altice irá avaliar se este movimento poderá levar a empresa a “recuperar um projeto” de produção de conteúdos, depois de há um ano ter desistido da compra da Media Capital.
O processo de compra da dona da TVI pela Altice, por 440 milhões de euros, caiu por terra em junho do ano passado, quando o grupo espanhol Prisa, dono da Media Capital, confirmou a desistência do negócio. Alexandre Fonseca voltou a criticar a Autoridade da Concorrência (AdC) por durante meses não se ter pronunciado sobre o negócio.
O presidente da Altice disse ainda que “como português” está “triste” por Portugal “perder 200 milhões de euros num ano”, referindo-se ao facto de a Altice ter oferecido 440 milhões de euros pela Media Capital e hoje fontes do mercado indicarem que a compra da Media Capital pela Cofina dever ficar por cerca de metade desse valor.
“Portugal é um país para onde 200 milhões de euros é muito dinheiro. Não podemos dar-nos ao luxo de perder 200 milhões de euros só porque alguma entidade não teve capacidade de esse pronunciar”, afirmou.
Alexandre Fonseca afirmou ainda que a Altice continua à procura de oportunidades de negócio na áreas dos conteúdos, uma vez que a área de ‘media’ é estratégica para o grupo.
“O grupo Altice continua a observar a área dos ‘media’ como uma área que acha convergente com aquilo que é o nosso caminho enquanto estratégia de diversificação de portefólio. Vamos continuar atentos, mas sem estorvar, não podemos entrar naquela lógica que às vezes é muito latina ‘se não posso jogar à bola, ninguém joga’”, disse.
Depois de o Expresso ter dado conta das negociações, no dia 14 de agosto, a Cofina confirmou que estava a negociar com a Prisa a compra da Media Capital, dona da TVI, e um dia depois coube à empresa espanhola confirmar que estava em negociações em regime de exclusividade com a dona do Correio da Manhã.
Em 16 de agosto, a Cofina adiantou estar a negociar com a Prisa a aquisição da Vertix, que detém 94,69% da Media Capital, admitindo lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a dona da TVI.
No mesmo dia, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) manifestou-se “preocupado” com o impacto de uma eventual compra da Media Capital pela Cofina, “nomeadamente no que respeita à concentração dos ‘media’” e à manutenção dos postos de trabalho.
“A excessiva concentração dos ‘media’ tem repercussões ao nível da pluralidade e qualidade da informação e, nesse sentido, o SJ considera que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social tem de se pronunciar rapidamente sobre o negócio em curso”, refere o sindicato, em comunicado.
A Cofina detém Correio da Manhã, CM TV, Sábado, Record, Jornal de Negócios, entre outros.
Por sua vez, a Media Capital detém os canais TVI, a rádio Comercial, entre outros meios.
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