Depósitos custam 600 mil milhões às famílias de todo o mundo
As poupanças globais atingiram novo recorde em 2018, mas a baixa remuneração dos depósitos fez os investidores perderem dinheiro. No entanto, quem arriscou nas ações também perdeu.
Apesar de a banca pagar cada vez menos pelos depósitos, este é o instrumento financeiro preferido dos aforradores há oito anos consecutivos. Com a remuneração muito próxima de zero e a inflação a acelerar, as famílias, a nível mundial, perderam um total de 600 mil milhões de euros nos depósitos ao longo do ano passado.
As poupanças globais atingiram um novo recorde em 2018, tendo aumentado de 22% para 2,7 biliões de euros, segundo o Allianz Global Wealth Report. O aumento do fluxo de fundos foi impulsionado, essencialmente, pelas famílias norte-americanas que graças à reforma tributária dos EUA viram as poupanças crescer 46%.
Mas se as famílias norte-americanas aumentaram a procura por títulos, aforradores em outros países continuam a apostar nos depósitos bancários (ou na venda de títulos). Há oito anos que os depósitos são o destino favorito das poupanças. Na Europa Ocidental, por exemplo, dois terços das poupanças tiveram como destino os depósitos bancários. Já no caso de Portugal, há quase 150 mil milhões de euros em depósitos.
No entanto, a aposta nos ativos líquidos (tidos como mais seguros que o investimento, por exemplo, em ações) pode ter custos para quem poupa. A política monetária acomodatícia dos bancos centrais tem pressionado a rentabilidade da banca, que oferece retornos dos depósitos cada vez menos atrativos.
A taxa de juro média na Zona Euro situava-se em 0,36% em junho, com Portugal no grupo dos menos generosos. A taxa média portuguesa de 0,12% (em mínimos históricos) fica apenas atrás de Espanha e Irlanda. Estes valores não chegam para cobrir a inflação, que se situou em 1,9% na União Europeia e em 1,2% em Portugal, no ano passado.
Assim, a Allianz estima que as perdas sofridas pelas famílias como resultado da inflação subiram para quase 600 mil milhões de euros em 2018. O valor fica acima dos 400 mil milhões de euros em 2017 e é seis vezes superior aos 100 mil milhões de perdas sofridas em 2016.
“É um comportamento de poupança paradoxal. Muitas pessoas decidem poupar mais porque esperam uma vida mais longa e ativa na reforma. Ao mesmo tempo, evitam exatamente os produtos que oferecem proteção eficaz para a terceira idade, como os seguros”, refere Michaela Grimm, co-autora do relatório.
“Aparentemente, o ambiente de baixo rendimento prejudica a vontade de economizar a longo prazo. Mas o mundo precisa dos que se preocupam em poupar e de investidores de longo prazo para lidar com todos os desafios futuros”, acrescentou.
Mas não foram só os depósitos que fizeram perder dinheiro aos investidores. A queda nos preços dos ativos financeiros, principalmente das ações (cujo mercado global desvalorizou 12%), custou três biliões de euros às famílias, de acordo com o estudo da seguradora. Considerando todos os ativos financeiros brutos das famílias, a quebra no valor global foi de 0,1% para 172,5 biliões de euros.
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