Moody’s: Vitória do PS é “positiva para o rating” de Portugal

Apesar de não ter tido maioria absoluta, o PS de António Costa aumentou o número de deputados no Parlamento, nas legislativas deste domingo. A agência de rating vê o resultado eleitoral como positivo.

A vitória do Partido Socialista (PS) nas eleições legislativas deste domingo é positivo para o rating de Portugal, segundo acredita a Moody’s. A agência de notação financeira antecipa que a solução governativa seja mais sólida que a anterior e que não haja alterações na política económica e financeira seguida pelo novo Executivo.

“Apesar de ter falhado a maioria absoluta, o resultado é positivo para o crédito porque a posição reforçada do PS no Parlamento significa que qualquer alteração material na abordagem disciplinada em relação à política orçamental é, agora, menos provável“, explica a Moody’s num relatório a que o ECO teve acesso.

Numa altura em que faltam apurar quatro mandatos dos círculos da Europa e de fora da Europa, os resultados eleitorais atribuem 36,65% dos votos ao PS (106 dos 230 lugares disponíveis no Parlamento), acima dos 28% conseguidos pelo PSD de Rui Rio (77 lugares). Agora, o partido de António Costa tem de escolher com quem vai negociar a geringonça 2.0, sendo que, à esquerda, o Bloco de Esquerda teve 10% (19 lugares), o PCP 6% (12), o PAN 3% (quatro) e o Livre 1% (um).

Costa vai negociar com os quatro partidos na quarta-feira, já depois de se ter encontrado com o Presidente da República. Tendo em conta que precisa agora de um menor número de deputados para ter maioria parlamentar do que em 2015 (quando negociou a geringonça), António Costa poderá ter maior margem de manobra.

“O resultado dá ao PS uma posição mais forte com a qual governar, tendo ganho mais assentos do que todos os países de centro-direita juntos”, lembra a Moody’s. “De forma geral, o resultado significa que alterações materiais na direção da política orçamental de Portugal são improváveis“.

PS mais resistente a pressões para aumentar despesa pública

A agência de rating, que foi a última entre as pares a tirar Portugal do “lixo” depois da crise e que avalia agora o país apesar um degrau acima desse limiar (em Baa3), lembra que o PS garantiu, ao longo da campanha, que o país irá manter a “disciplina orçamental” e que procurará “o excedente orçamental como forma de se proteger contra uma inversão no ciclo económico”.

“Ainda para mais, a nova aritmética parlamentar significa que [o PS] pode aprovar legislação, se o BE e o PCP se abstiverem. Isso permite ao resistir a pressões para aumentar a despesa pública nos próximos anos, incluindo vinda de partidos que o poderão apoiar em muitas outras medidas”, acrescentou a Moody’s.

Em 2015, o objetivo de virar a página da crise unia PS, BE e PCP. Ao longo dos últimos quatro anos, a economia teve o crescimento do século e as contas pública aproximaram-se do equilíbrio. Os partidos à esquerda pedem que, em vez de um défice de 0%, a margem orçamental seja realocada em serviços públicos. O PS considera que é preciso manter a consolidação orçamental.

Esta era uma das preocupações das agências de rating, que têm desde final de setembro feito sucessivos upgrades à notação da República. A Moody’s é a terceira a pronunciar-se sobre as eleições e também a norte-americana Fitch e a canadiana DBRS concordam que o resultado é positivo para a notação financeira de Portugal. Igualmente, bancos e investidores estão a mostrar confiança no próximo Governo.

A última vez que a Moody’s avaliou o rating de Portugal foi em agosto, quando decidiu manter a notação inalterada, ou seja, continuou a ser a agência que atribuiu a pior classificação à dívida nacional. No entanto, melhorou o outlook para “positivo”, do anterior “estável”, justificando a decisão com a descida sustentável da dívida portuguesa. A Moody’s só volta a avaliar Portugal no próximo ano e ainda não tem data marcada.

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