Empresários portugueses mais otimistas em relação a Angola

  • Lusa
  • 12 Outubro 2019

Os empresários portugueses estão mais otimistas em relação à economia angolana e também já estão de olhos postos nos países vizinhos.

Os empresários portugueses estão mais otimistas com a recuperação do mercado angolano, arriscando investimentos produtivos, mas também procuram oportunidades nos países vizinhos para onde alguns já exportam. A Lusa ouviu alguns responsáveis entre cerca de 300 expositores que marcaram presença na 4ª edição da ExpoIndústria, na Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo.

Jorge Silva, diretor geral da Ferpinta Angola, que está no país desde 1997, descreve os últimos anos como “complicados”, devido à recessão, mas salienta que a empresa fabricante de tubos está expectante quanto novas oportunidades, no mercado interno, mas também nos países vizinhos. “É necessário aproveitar a experiência” adquirida em Angola e a Ferpinta já está a fazer prospeções de mercado, adiantou à Lusa.

Atualmente, a Ferpinta já faz “alguma exportações pontuais para a Republica Democrática do Congo e para a Namíbia”, mas Jorge Silva sublinha que se trata ainda de uma fase preliminar para perceber como se comportam estes mercados e a partir daí “definir estratégias”.

O empresário admite que alguns setores estão sobre dimensionados: “prepararam-se para responder às grandes obras e grandes empreitadas do passado e, neste momento, têm estrutura e máquinas que não estão a usar. Como tal, têm de pensar noutros mercados, por onde passará o crescimento”. A proximidade de Angola “é uma grande vantagem”, destacou. “Quando se pensa importar, pensamos na China e na Europa e normalmente esquecemos que há também fabricantes em África que podem responder às necessidades dos países africanos”. Apesar das contrariedades, a Ferpinta “está otimista e as coias vão correr bem”, resume.

Quando se pensa importar, pensamos na China e na Europa e normalmente esquecemos que há também fabricantes em África que podem responder às necessidades dos países africanos.

Jorge Silva

Diretor-geral da Ferpinta Angola

Para Ricardo Rocha, diretor geral da Sika Angola, uma empresa que possui uma fábrica de argamassas e aditivos para o betão em Angola há cerca de dez anos, o mercado começa a dar sinais de crescimento. “Ainda não está onde nós queremos, mas as perspetivas são boas”, afirmou o responsável da Sika Angola, indicando que já se veem alguma obras a começar e, por isso, ”há mais confiança”

A empresa suíça de produtos químicos para a construção entrou em Angola pela mão da Sika Portugal e emprega atualmente 42 trabalhadores no país. “Neste momento queremos preparar a nossa estrutura, queremos estar preparados para quando realmente houver um arranque da economia” e isso passa, segundo Ricardo Rocha, por formar quadros, e dinamizar a produção local. Neste momento, a fábrica tem 4 linhas de produção ativas, mas Ricardo Rocha avançou que 2020 “reserva uma surpresa”: mais uma linha de produção, no valor de cerca de 200 mil dólares.

Quanto ao impacto do IVA, que entrou em vigor este mês, defende que é positivo: “há uma altura complicada, a da implementação, que é um processo complexo, mas para uma organização como a nossa é muito positivo”, declarou, mostrando-se “confiante” na retoma da construção.

Os empresários portugueses em Angola estão mais otimistas em relação à economia do país. Também estão atentos aos países vizinhos,Freepik

Paulo Rocha, diretor-geral da Quinta de Jugais Angola, uma empresa que produz charcutaria e doces, criada em 2011, acredita também que o pior já passou e espera que, após alguns adiamentos, seja possível começar a produzir em Angola no próximo ano.

A fábrica que está a ser construída em Angola, que representa um investimento de 12 milhões de dólares, deve ser inaugurada em julho do próximo ano e começar a produzir no final de 2020. “A empresa entende que é muito importante produzir em Angola”, realçou.

A unidade industrial vai começar por produzir produtos de charcutaria como mortadela e fiambre, evoluindo depois para outros artigos. “Se conseguirmos chegar, numa primeira fase, às 50 a 60 toneladas de produtos produzidos cá, por mês, é um passo importante”, assinalou o responsável da Quinta de Jugais Angola.

“Temos vindo a fazer a nossa consolidação. O mercado angolano é obviamente importante para nós e, por isso, a Quinta de Jugais decidiu constituir empresa em Angola”, justificou Paulo Rocha. Desde 2016, “por força da crise de preços do petróleo”, a empresa tem sentido “alguma dificuldade no acesso às divisas que permitam a importação”, mas ao longo deste ano “tem havido estabilidade”. “Temos conseguido importar, não tudo o que desejávamos, mas na medida do possível”, adiantou o diretor-geral da empresa, que vende em Angola a mesma gama que a portuguesa Quinta de Jugais (charcutaria e doces), representando também os laticínios da Nova Açores.

A ExpoIndustria que abriu ao público na quarta-feira, chega ao fim este sábado. Na abertura da feira, que contou com a presença do Presidente angolano, João Lourenço, o secretário de Estado da Indústria angolano, Ivan do Prado, afirmou que os produtos industriais produzidos localmente são já capazes de competir com os importados, o que vai permitindo reduzir as importações e poupar divisas.

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