Risco de falência na WeWork. SoftBank prepara resgate

A WeWork, uma das mais proeminentes startups de Silicon Valley, está em dificuldades depois de falhar o IPO. O SoftBank está a preparar um resgate.

O SoftBank está a preparar um pacote de resgate à WeWork para evitar a falência da conhecida empresa de aluguer de espaços de coworking. A avançar, a operação permitirá ao grupo japonês reforçar o controlo sobre a startup e afastar definitivamente Adam Neumann do universo da companhia.

Depois de falhar a entrada em bolsa (IPO), a avaliação da WeWork caiu a pique e o carismático fundador viu-se obrigado a apresentar a demissão, tendo ficado com um cargo não executivo mas continuando a ter influência significativa nos destinos da startup. No entanto, as tentativas da nova administração de reduzir largamente os custos, através de vendas de ativos e despedimentos, não têm sido suficientes para inverter a tendência e a empresa continua em sérias dificuldades financeiras.

O SoftBank é o maior acionista desde o ano passado (detém 1/3 da empresa), altura em que puxou a avaliação da empresa para os 47 mil milhões de dólares. Poucos meses depois, estima-se que a empresa valha menos de 20 mil milhões, tornando-a num dos piores investimentos do grupo japonês. A confirmarem-se as informações reveladas pelo The Wall Street Journal (acesso pago), significa que o multimilionário Masayoshi Son e líder do grupo está disposto a injetar ainda mais capital na empresa para evitar uma nódoa maior no portefólio.

Não é garantido que o resgate do SoftBank acabe por se materializar. Na semana passada, soube-se que a administração da WeWork pediu ao banco JPMorgan Chase — o mesmo que trabalhou com a startup no IPO falhado — para preparar um pacote de resgate de milhares de milhões de dólares. Para este resgate alternativo, através de empréstimo e não de capital, o banco tem vindo a sondar investidores dispostos a assumir o elevado risco da operação. A própria instituição pondera participar também, segundo o Financial Times (acesso pago).

A WeWork é uma proeminente startup de Silicon Valley que opera no negócio do aluguer de espaços de trabalho. Tem forte presença em diversos países, muitos deles na Europa. Mas, apesar de a sua entrada em Portugal ser antecipada no meio empreendedor, a WeWork não conta, atualmente, com qualquer presença conhecida no mercado nacional.

A WeWork é conhecida pelos espaços de coworking, mas tem tentado alargar o negócio a outros ramos. Sempre se considerou uma tecnológica, apesar de deter apenas uma aplicação de agendamento de reuniões nessa área.Ajay Suresh via Wikimedia Commons

Líder do SoftBank está “embaraçado e impaciente”

Esta notícia demonstra os esforços que estão a ser feitos nos bastidores da WeWork para impedir a queda desta que continua a ser uma das startups mais proeminentes (e valiosas) do mundo. A espiral de crise em torno da companhia começou quando o prospeto da oferta para a entrada na bolsa revelou sérias dúvidas em relação à estabilidade financeira da empresa e alguns problemas ao nível de governação.

Um dos que fez correr mais tinta foi o facto de a WeWork, cuja holding mudou recentemente de nome para The We Company, ter adquirido os direitos de utilização da marca “We” a uma empresa controlada pelo próprio CEO, Adam Neumann, por uma soma milionária. Mais tarde, a imprensa internacional revelou pormenores da liderança pouco ortodoxa do fundador, referindo um episódio de transporte ilegal de canábis num jato privado, entre outras coisas.

No início deste mês, Masayoshi Son admitiu, numa entrevista à revista Nikkei Business, estar “embaraçado e impaciente” com alguns dos negócios levados a cabo pelo SoftBank. A empresa foi responsável pela criação do Vision Fund, um fundo de investimento em tecnologia de 100 mil milhões de dólares, sendo uma boa parte do capital controlado pelo fundo soberano da Arábia Saudita. Além da WeWork, o fundo esteve envolvido na compra de uma posição de cerca de 15% na Uber, que também tem vindo a desvalorizar desde que entrou em bolsa.

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