João Oliveira rejeita ser novo líder do PCP. Pode até “não haver secretário-geral”, diz
"O PS tem hoje mais força e condições muito mais favoráveis para levar a sua avante, mesmo sem maioria". O PCP, "tendo menos força", tem "menos capacidade de influenciar as decisões na AR", diz.
João Oliveira vai continuar a ocupar a posição de líder da bancada parlamentar do PCP, uma bancada que ficou reduzida a dois terços na sequência dos resultados das legislativas de 6 de outubro, mas também a ser um dos pivots das negociações com o Governo, à semelhança do que acontece nos últimos quatro anos de geringonça. No entanto, o comunista não está disponível para ser o futuro líder do PCP.
Em entrevista à Renascença (acesso livre) questionado se se via como futuro líder do PCP, sobretudo tendo em conta que Jerónimo de Sousa já conta com 72 anos e João Oliveira foi um dos mais aplaudidos no último congresso, em Almada, o dirigente comunista é taxativo: “Não. De todo”. João Oliveira explica ainda que a passagem de testemunho será feita “no momento certo, em função dos critérios” do partido, das “opções” e da “forma” como consideram “as responsabilidades do secretário-geral”. “Por exemplo, uma coisa que os estatutos preveem é até a possibilidade de não haver secretário-geral. É uma decisão do Comité Central e há-de ser tomada no momento em que ela tiver de ser tomada”, acrescentou.
Uma coisa que os estatutos preveem é até a possibilidade de não haver secretário-geral. É uma decisão do Comité Central e há-de ser tomada no momento em que ela tiver de ser tomada.
João Oliveira desdramatizou o facto de esta legislatura não haver um acordo escrito. “Aquilo que foi preciso fazer até que António Costa fosse indigitado primeiro-ministro em 2015 agora não foi preciso porque ele foi indigitado três dias depois das eleições. Não se trata de uma questão de opção, trata-se de uma questão de desnecessidade“, explicou.
Apesar de se congratular com a ausência de uma maioria do PS, que lhe daria maior liberdade para reverter políticas anteriores, o dirigente comunista lamenta que o partido não ter conseguido mais votos. “Com a maioria absoluta, os riscos de retrocesso naquilo que se conquistou nos últimos quatro anos seriam muito mais significativos. Conseguiu-se evitá-la. Não se conseguiu outro objetivo essencial que era a CDU ter mais força para influenciar de modo mais incisivo as decisões que são tomadas na AR”, frisou.
O PS tem hoje mais deputados do que tinha em 2015, mais força e condições muito mais favoráveis para levar a sua avante, mesmo sem maioria absoluta. Nós, tendo menos força, também temos menos capacidade para influenciar as decisões que são tomadas na AR.
“O PS tem hoje mais deputados do que tinha em 2015, mais força e condições muito mais favoráveis para levar a sua avante, mesmo sem maioria absoluta. Nós, tendo menos força, também temos menos capacidade para influenciar as decisões que são tomadas na AR”, acrescentou ainda.
João Oliveira anunciou que “o PCP vai apresentar no arranque da legislatura um conjunto de propostas decisivas para alguns avanços que foram alcançados nestes quatro anos poderem ir mais longe”.
O dirigente revelou que após as reuniões com o PS ficou admitida a “possibilidade de haver algum contacto antes da entrega do programa”. “Mas nada com a perspetiva de que vamos construir um programa conjunto. Isso nem há quatro anos aconteceu, muito menos aconteceria agora”, frisou.
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