Gigantes do comércio eletrónico chineses batem recorde de vendas no “Dia dos Solteiros”

  • Lusa
  • 11 Novembro 2019

O Dia dos Solteiros na China é marcado por campanhas de gigantes do comércio eletrónico, que registaram este ano um recorde de vendas de 54 mil milhões de euros.

Os gigantes chineses do comércio eletrónico alcançaram esta segunda-feira 54 mil milhões de euros em vendas, no maior festival de compras do mundo, ilustrando as profundas mudanças no retalho chinês, com crescente predominância dos influenciadores digitais.

As plataformas dos grupos Alibaba e JD.com conseguiram contrariar a desaceleração no retalho chinês, estabelecendo um novo recorde de vendas no Dia dos Solteiros, numa altura em que o país enfrenta uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos.

Celebrado a 11 de novembro pelos quatro ‘um’ que combinam nesta data (11/11), que afigura assim a condição de solteiro, este dia começou a ser celebrado por estudantes universitários chineses, na década de 1990, como um Dia dos Namorados alternativo.

O grupo Alibaba adotou a data como ferramenta de marketing em 2008, ao que seguiram os competidores chineses JD.com ou o grupo retalhista de eletrónicos Suning. No conjunto, 200.000 marcas e mais de um milhão de produtos, incluindo cerveja ou vinhos portugueses, aderiram à iniciativa este ano.

Milhões de chineses ficaram acordados durante a madrugada de esta segunda-feira, para participar no festival de compras. O Alibaba superou os dez mil milhões de yuan (1,29 mil milhões de euros) em vendas, no espaço de minuto e meio logo a seguir à meia-noite.

“Além de sozinhos, vamos acabar falidos”, ironizou à Lusa, sobre a efeméride, a chinesa Cai Man, que aguardou até aos primeiros segundos desta segunda-feira para consumar as compras que planeara fazer nas últimas semanas.

O comércio eletrónico representa já 19,5% dos gastos dos consumidores chineses, de longe a maior percentagem do mundo. Nos primeiros nove meses do ano, as vendas ‘online’ aumentaram 16,8%, em termos homólogos, para 5,8 mil milhões de yuan (747 mil milhões de euros), segundo dados oficiais.

O crescente consumo ‘online’ fomentou ainda o surgimento de líderes de opinião, seguidos por dezenas de milhões de consumidores em plataformas de transmissão ao vivo, e cruciais para marcas chinesas e internacionais à procura de penetrar no mercado chinês. Só em 2018, cerca de cem mil milhões de yuan (quase 13 mil milhões de euros) das vendas ‘online’ na China foram feitas através daquelas plataformas.

Fechados em cabines dispostas no ‘campus’ do grupo Alibaba, em Hangzhou, no leste da China, líderes de opinião falaram esta segunda-feira durante horas sobre produtos da sua preferência, para uma audiência composta por centenas de milhões de chineses.

O fenómeno é chave para entender o novo consumidor chinês: sempre ligado à rede, afastado dos meios convencionais de publicidade e devoto às sugestões de líderes de opinião e celebridades, descrevem analistas.

“Cerca de metade dos consumidores na China consideram o consumo uma experiência social e muitos consumidores pertencem a grupos e fóruns ‘online’ onde pessoas com interesses comuns partilham opiniões sobre produtos”, apontou à agência Lusa Michael Zakkour, vice-presidente da consultora Asia Market Strategy.

“Os consumidores não querem apenas comprar o produto. Eles querem saber mais sobre o produto ou marca, a sua história e ter o máximo de informação possível”, explicou Huang Tao, CEO do Taobao Livestreaming, a plataforma de transmissão ao vivo do grupo Alibaba.

A ausência de redes de retalho tradicionais em algumas partes do país e uma vasta rede logística e de transportes permitiram ao comércio eletrónico expandir-se rapidamente na China, criando algumas das maiores fortunas do país. Jack Ma, fundador do grupo Alibaba, é o empresário mais rico da China, com um património líquido de 39 mil milhões de dólares (35 mil milhões de euros), segundo a unidade de investigação Hurun, com sede em Xangai e considerada a Forbes chinesa.

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