Saudi Aramco reserva 0,5% do capital para investidores de retalho. Portugueses vão ter de esperar

Há poucos pormenores do maior IPO de sempre, mas a Arábia Saudita anunciou que parte será para pequenos investidores. Os portugueses ainda podem ter exposição à empresa, mas só mais tarde.

A petrolífera saudita Saudi Aramco vai dispersar parte do capital e há uma percentagem reservada a pequenos investidores. É apenas 0,5% e, para já, os portugueses não têm possibilidade de ter exposição à operação que poderá ser a maior Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês) de sempre. No entanto, ainda poderá acontecer quando os títulos estiveram cotados em praças norte-americanas.

“As ações da Aramco, numa fase inicial, estarão apenas admitidas à negociação na bolsa de valores da Arábia Saudita, o que torna o acesso de investidores estrangeiros, tanto de retalho como individuais, bastante limitado (não só a nível de acesso, como também a nível de custos de negociação)”, explica David Silva, analista da corretora Infinox.

O prospeto da operação, com mais de 650 páginas, foi publicado pelo regulador este fim de semana, mas os pormenores são poucos. A oferta começa no próximo domingo, 17 de novembro, mas não há preço nem número de ações a vender. Será vendido 0,5% do capital da petrolífera estatal a investidores de retalho, enquanto a parte que é reservada a institucionais ainda não é conhecida e vai depender dos negócios que se fecharem no roadshow que está a acontecer.

O príncipe Mohammed bin Salman aponta para uma avaliação de dois biliões de dólares, o que significaria que aforradores poderiam ficar com dez mil milhões de dólares em ações. No entanto, e apesar de as avaliações dos bancos serem muito díspares (com uma diferença superior a um bilião de dólares entre as mais otimistas e as mais conservadoras), quase todos indicam que a estimativa é demasiado elevada.

Esta será uma «pequena» operação atendendo que o free float deverá corresponder a apenas 5% das ações representativas do seu capital social, com 1% a 2% previstos para a bolsa da Arábia Saudita — Tadawul — em que os investidores de retalho sauditas receberão mais uma ação por cada dez ações detidas durante 180 dias”, explica João Queiroz, head of online banking do Banco Carregosa.

O preço final e a quantidade de ações vendidas serão conhecidas apenas no fim da operação, mas — atendendo à avaliação feita em torno de dois biliões de dólares — caso seja admitido à negociação apenas 1% do capital, corresponde a 20 mil milhões e falha a meta de ser o maior IPO de sempre (mantendo-se o Alibaba no topo). Já 2% será 40 mil milhões de dólares.

Depois desta colocação que se espera que seja de 1% a 2%, poderá haver uma segunda fase na dispersão da petrolífera saudita. O reino apontava para uma dispersão de 5% do capital, ou seja, 100 mil milhões e “a restante parcela prevê-se ser listada em Nova Iorque, Hong Kong e Tóquio“, antecipa Queiroz.

Mas a acontecer não será para já pois existem dois períodos diferentes de lockup: após ser cotada em bolsa, o que está previsto para dia 11 de dezembro, a Aramco não poderá irá colocar à negociação mais títulos durante um período de seis meses e não poderá emitir novas ações ao longo de 12 meses.

Mas então quando é que haverá oportunidades de os investidores de retalho portugueses comprarem ações da Saudi Aramco? Só quando os títulos forem admitidos à negociação na bolsa de Nova Iorque, é que estarão disponíveis para serem negociados por particulares.

O Governo Saudita não fecha a porta para a possibilidade de entrar em outros mercados, embora tal só possa vir a ser possível no futuro, já que a atual operação tem restrições que proíbem o Governo de vender mais ações por um período de um ano”, explica André Pires, analista da XTB. Já no caso de institucionais estrangeiros, “o supervisor do mercado de capitais, que aprovou a oferta, abriu uma exceção para a compra de ações”, acrescentou Pires.

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