E a empresa mais sustentável do mundo é… uma elétrica dinamarquesa

Da lista das 100 empresas mais sustentáveis a nível global não faz parte nenhuma portuguesa, mas 49 são europeias e, destas, três têm sede em Espanha: Iberdrola, Acciona e Inditex.

Qual é a empresa mais sustentável do mundo em 2020? Chama-se Orsted e é o maior grupo energético dinamarquês, detido pelo Estado do norte da Europa. A distinção foi atribuída pelo ranking Global 100 Most Sustainable Corporations elaborado anualmente pelo grupo editorial Corporate Knights – The Voice for Clean Capitalism e apresentado em pleno Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça.

“Nos últimos 10 anos passámos de uma empresa que tinha os combustíveis fosseis como principal negócio para uma atividade 100% dedicada às renováveis. Se olharem para a transformação da empresa, tem sido dramática”, disse o CEO da Orsted Henrik Poulsen, citado pela Corporate Knights.

Em 2010, 85% da produção energética da Orsted tinha precisamente origem fóssil e apenas 15% eram renováveis. Uma década volvida as proporções inverteram-se e a elétrica tem como objetivo ser neutra em carbono daqui a cinco anos. “Vamos eliminar totalmente o uso do carvão em 2023 e gerar quase 100% de energia verde em 2025”, acrescentou a empresa no seu site.

No total, 64% da eletricidade consumida na Dinamarca já é proveniente de várias fontes renováveis e em 2028 chegará aos 100%. A energia eólica é rainha das renováveis no país do norte da Europa, que tem 6,1 GW de capacidade total instalada (4,4 GW em terra e 1,7 GW no mar, a que se somam mais 950 MW em instalação), com quase cinco mil turbinas que abastecem mais de 40% do consumo nacional de eletricidade. Daqui a uma década, em 2030, o objetivo é duplicar esta percentagem para 80%.

Da lista das 100 empresas mais sustentáveis a nível global não faz parte nenhuma portuguesa, mas 49 são europeias e, destas, três têm sede em Espanha mas também marcam presença ativa em Portugal: Iberdrola, Acciona e Inditex. Quanto ao resto do globo, os Estados Unidos e Canadá têm 29 empresas sustentáveis no ranking, a Ásia conta com 18, a América Latina participa apenas com três (todas brasileiras) e África não conseguiu eleger nenhuma empresa para a lista. Da centena de companhias eleitas, 28 entraram para ranking pela primeira vez apenas este ano.

No pódio estão três empresas escandinavas, sendo a estatal Orsted (classificação global de 85,2%) seguida pela também dinamarquesa Chr. Hansen Holding (biociência aplicada à alimentação, 83,9%), no segundo lugar, e pela petrolífera finlandesa Neste Oyj em terceiro (83,6%). O top 5 fica completo com as tecnológicas norte-americanas Cisco Systems e Autodesk (83,5% e 82,8%, respetivamente).

Avançando até aos 10 negócios mais sustentáveis, soma-se ainda a dinamarquesa Novozymes (indústria química) e o banco dos Países Baixos ING Groep, seguindo-se a única empresa do sul da Europa a entrar no top 10, a elétrica italiana Enel, e também a única latino-americana – Banco do Brasil. Esta short-list fica completa com a energética canadiana Algonquin Power & Utilities.

Já a espanhola Iberdrola, detida pela Enel, surge em 2020 em 17º lugar, um salto de gigante face à 61ª posição registada no ano passado. O chairman e CEO da Iberdrola, José Ignacio Sánchez Galán, integra também o ranking “The Green 30: Pioneers and Ideas Shaping Climate Solutions” da nova plataforma especializada Bloomberg Green, lançada esta semana.

Considerado como um dos “pioneiros” na luta contra as alterações climática, Galán é, segundo a Bloomberg Green, “um dos mais influentes executivos e uma das vozes mais sonantes sobre temas ambientais”. E também a prova que as grandes empresas podem cortar as emissões e aumentar os lucros: foi sob o seu comando que a Iberdrola se transformou de uma energética muito dependente do carvão para ter quase dois terços da sua energia proveniente de fontes renováveis. Enquanto isso, a capitalização bolsista da Iberdrola mais do que duplicou e a empresa tornou-se na maior produtora mundial de energia eólica. 2020 é o ano que a elétrica espanhola irá encerrar as duas últimas centrais a carvão.

Em relação às outras duas empresas espanholas, a Acciona (construção e infraestruturas) integra o ranking pelo terceiro ano consecutivo, mas em 2020 caiu duas posições, da 68ª para a 70ª, aproximando-se de marcas como a Nike, HP ou Google. No campo da indústria têxtil, a Inditex (dona da Zara, Massimo Dutti, entre outras) deu um trambolhão do 54º para o 94º lugar, enquanto a gigante sueca H&M estreou-se este ano no ranking das empresas mais renováveis com entrada direta para a 27ª posição.

Para elaborar o ranking, o grupo editorial Corporate Knights analisou 7.400 empresas com uma faturação superior a 1.000 milhões de dólares. A análise incluiu indicadores económicos, ambientais, sociais e de gestão, como por exemplo a percentagem de lucros ligados à Economia Vede, as emissões de gases com efeito de estufa, o investimento em Investigação e Desenvolvimento e a igualdade de género.

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