Quase duas décadas depois, no antigo Estádio de Alvalade vai nascer uma “Metropolis”
Ao fim de duas décadas, os norte-americanos da King Street compraram os terrenos do antigo estádio do Sporting, para lá construírem apartamentos, escritórios e uma zona comercial.
Anos depois de Portugal ter conquistado a organização do Euro 2004, e já no novo milénio, o antigo Estádio José Alvalade começou a ser demolido para fazer nascer o novo estádio, logo ali ao lado. Desapareceu o recinto que durante quase 50 anos vibrou com as conquistas do clube verde e branco, ficando um terreno vazio. Surgiram rapidamente ideias para o desenvolver um projeto urbanístico naquele espaço, mas durante quase duas décadas pouco mudou. Até agora. Vem aí o “Metropolis“, pelas mãos de norte-americanos.
Foi em 2002 que o antigo estádio do Sporting começou a ser demolido para, naqueles terrenos, nascer um megaprojeto imobiliário. Ao lado, a construção avançada a bom ritmo, tendo, em agosto de 2003, sido inaugurado ao lado o novo Estádio José Alvalade, com capacidade para mais de 50.000 pessoas, num investimento de 184 milhões de euros, cerca de 80 milhões a mais do que o que estava previsto inicialmente.
Com a nova “casa” do clube de Alvalade pronta para receber o Sporting, mas também os jogos do campeonato europeu de futebol — em que Portugal perdeu na final com a Grécia –, os planos para o terreno entretanto “entaipado” começaram a desenhar-se.
O espaço, com projeto aprovado, acabou por ser vendido janeiro de 2008 por um valor de 60 milhões de euros à holandesa Multi Development Corporation (Multi), também responsável pela construção do Almada Fórum e dos Armazéns do Chiado. De acordo com uma auditoria à gestão do património imobiliário do Sporting, a operação foi prejudicial para o clube. Os terrenos foram alienados por um preço abaixo do valor de mercado.
Nos anos que se seguiram, com a crise internacional ficou tudo parado. Só em 2011, ano em que Portugal pediu um resgate financeiro, houve novidades. A Multi lançou oficialmente a primeira pedra do projeto “Metropolis“, com a construção de um edifício de escritórios com 14.500 metros quadrados, onde se instalou a sede da Nos.
O projeto inicial previa dois edifícios, mas acabou por ser “todo revisto e redesenhado à medida exata das necessidades” da Nos, disse, na altura, a Multi, em comunicado. Mas, desde então, nada mais foi feito. O Grupo Multi foi, em 2013, comprado pela Blackstone, numa altura em que ultrapassava dificuldades financeiras.
Depois de nove anos “em pausa”, projeto é vendido por 70 milhões
Contudo, será apenas uma questão de tempo até o projeto ser retomado, visto que a Multi — assessorada pela consultora JLL — decidiu alienar estes terrenos. Na semana passada, a Norfin anunciou que iria investir 200 milhões de euros na construção do “Metropolis”. Mas não é bem assim. Isto porque a Norfin é uma sociedade gestora e raramente faz investimentos.
Os terrenos foram vendidos por cerca de 70 milhões de euros aos norte-americanos da King Street Capital Management, dona do Palmares Ocean Living & Golf Resort e do Amendoeira Golf Resort, no Algarve, apurou o ECO junto de fontes do mercado. São estes que vão investir a maioria do dinheiro no projeto. Uma pequena parte do montante total será investido pelo Grupo Arrow Global, que detém a Norfin.
Do lado da JLL, que assessorou a Multi, Gonçalo Santos, head of development, destaca que o processo de venda do Metropolis “foi bastante concorrido, com o ativo a ser disputado por vários players nacionais e internacionais”. “O interesse que este ativo gerou vem confirmar a aposta de grandes investidores em projetos de maior escala e de construção nova”.
80.000 metros quadrados de escritórios, habitação e comércio
O projeto “Metropolis” vai começar a ser construído no final do ano e tem uma área de área total superior a 80.000 metros quadrados, que serão distribuídos por quatro edifícios de escritórios (37.600 metros quadrados), três de habitação (30.250 metros quadrados, mais de 200 apartamentos) e uma área comercial com 11.100 metros quadrados.
O avançar deste projeto imobiliário, quase duas décadas depois de o terreno ficar disponível, é justificado com o objetivo de “criar uma nova centralidade na área de Alvalade”, uma vez que “este é mais um projeto histórico”, depois de outros como o Campus da Justiça, em Lisboa, ou o Prata Riverside Village, em Marvila.
André David Nunes, CIO da Arrow Portugal, acredita que este projeto “deverá capturar grande parte da enorme procura destinada aos escritórios premium, atualmente concentrada no Parque das Nações”.
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