Auditores e supervisores obrigam Novo Banco a reforçar imparidades

O Novo Banco tem registado imparidades a mais? Auditoria da EY e inspeção do supervisor revelaram necessidade de o banco fazer mais provisões para se proteger de eventuais perdas no futuro.

O Novo Banco teve de reforçar ligeiramente as imparidades em 2019, isto depois de uma análise da auditora EY (revisor das contas do banco) e de uma inspeção dos supervisores terem chegado à mesma conclusão de que a instituição liderada por António Ramalho teria de deixar de lado mais dinheiro para fazer face a eventuais perdas com ativos, apurou o ECO.

Um banco tem necessidade de registar imparidades quando verifica que o valor real de um ativo (por exemplo, um crédito a uma empresa) é menor do que o valor que está registado nas contas. Quando isto acontece, tem de colocar dinheiro de lado para fazer face a uma eventual perda no futuro, registando a imparidade que pode ser revertida ou não no futuro, dependendo da evolução do valor do ativo.

No caso do Novo Banco, a política de “imparização” tem levantado sido colocada em causa depois dos sucessivos pedidos significativos ao Fundo de Resolução por via do mecanismo de capital contingente que foi criado em outubro de 2017, aquando da venda de 75% do capital do banco ao fundo de private equity americano Lone Star.

Até hoje, o Novo Banco já pediu 2.000 milhões de euros: 782 milhões em 2018 e 1.149 milhões em 2019. Este ano, o pedido ao Fundo de Resolução — financiado pelos bancos do sistema e por empréstimos do Tesouro público — deverá ascender a 1.000 milhões de euros, de acordo com o Jornal de Negócios. Ou seja, em três anos esgotará mais de 75% do “plafond“.

A dimensão dos pedidos (que tem acompanhado a magnitude dos prejuízos) tem levantado dúvidas e suspeitas, nomeadamente em relação uma eventual estratégia do banco de estar a registar imparidades a mais para aproveitar ao máximo o dinheiro disponibilizado pelo Fundo de Resolução, e especialmente numa altura em que as boas condições económicas do país tem levado os outros bancos a diminuir as provisões. Será que o banco está a reconhecer mais perdas do que aquelas que devia?

Tanto a auditoria da EY como a inspeção dos supervisores da banca mostraram que o Novo Banco não está registar imparidades em excesso. Pelo contrário: há imparidades a menos. Ao que o ECO apurou, a necessidade de provisão extra em 2019 situa-se na ordem dos 50 milhões de euros.

Não é um valor relevante para o Novo Banco. Por ano, a instituição regista imparidades entre 300 milhões e 400 milhões de euros. Mas, ao todo, o dinheiro que o banco tem de lado para enfrentar potenciais perdas com ativos ascende a cerca de 3.000 milhões de euros.

Contactado pelo ECO, o banco não comenta o reforço de imparidades a que foi obrigado.

Ao contrário da venda de carteiras de malparado e das reestruturações dos créditos que estão no perímetro do mecanismo de capital contingente, que têm de ser autorizadas pelo Fundo de Resolução, o nível de imparidades sobre os ativos não tem de passar no crivo da autoridade de resolução nacional.

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