Covid-19: Setor automóvel exige plano de apoio específico para as empresas
As associações do setor dizem acreditar que a crise gerada “irá ter os efeitos de uma guerra devastadora, com especial impacto” na economia e pedem "um plano de apoio específico para as empresas.
As associações do setor automóvel concordam com as medidas já tomadas pelo Governo, mas exigem “um plano de apoio específico para as empresas” desta área, de acordo com um comunicado divulgado esta quarta-feira.
Na nota, assinada pela ACAP – Associação Automóvel de Portugal, AFIA- Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel, ANECRA – Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel e ARAN – Associação Nacional do Ramo Automóvel, as entidades dizem acreditar que a crise gerada pela pandemia de Covid-19 “irá ter os efeitos de uma guerra devastadora, com especial impacto” na economia.
Por isso, a as associações “vêm alertar para a necessidade de, além das medidas já tomadas pelo Governo, ser criado um plano específico de apoio ao setor automóvel”.
As organizações acreditam que estas medidas “permitirão às empresas, não só atenuar esta crise”, mas também “manter a sua competitividade, após este período, logo que se verifique a retoma gradual da economia”.
Entre as medidas pedidas conta-se a “criação de uma linha de crédito específica para as empresas deste setor (o que não foi considerado, surpreendentemente, na apresentação desta quarta-feira efetuada pelo Governo, sobre as medidas económicas)”, lamentam as associações.
O setor quer a “alteração do regime de ‘lay-off’ [suspensão temporária do contrato de trabalho], de modo a permitir o acesso imediato a este regime para as empresas que tenham tido uma quebra de faturação superior a 40% nos últimos trinta dias, ou comparativamente com a do mês homólogo do ano anterior, e deveria, ainda, resultar claro deste regime a possibilidade de lay-off parcial”.
As associações apelam ainda à “alteração do regime de férias, de modo a permitir, desde já, a sua marcação”.
As associações querem também “um plano de incentivo ao abate de veículos em fim de vida, com o objetivo de renovar o parque automóvel e permitir às empresas uma saída gradual da crise”.
Além disso, “com a possível declaração do estado de emergência, pedimos que a atividade de prestação de serviços através de veículos de pronto-socorro e o setor de assistência e reparação automóvel sejam considerados setores essenciais, dado que são imprescindíveis para a manutenção da segurança dos cidadãos”.
Apesar destes apelos, “o setor automóvel aprova as medidas que têm vindo a ser tomadas pelo Governo, assim como as recomendações sanitárias para as empresas e trabalhadores, as quais estão a ser rigorosamente cumpridas”, indicam as associações, na mesma nota, garantindo que “têm vindo a aplicar planos de contingência” para proteger os trabalhadores e manter a laboração para que as consequências “não sejam ainda mais negativas”.
As associações recordam que “o setor automóvel representa 19% do PIB, 25% das exportações de bens transacionáveis e emprega, diretamente, cerca de duzentas mil pessoas”, sendo que as empresas têm um peso de 21% nas receitas fiscais do Estado.
O Governo anunciou esta quarta-feira medidas de apoio às empresas que garantem aumento de liquidez próximo dos 9.200 milhões de euros, dos quais 5.200 na área fiscal, 3.000 na de garantias e 1.000 na contributiva.
Esta semana, a Autoeuropa anunciou a suspensão de todos os turnos de produção de automóveis na fábrica de Palmela até ao dia 29 de março, e esta quarta-feira encerram a unidade de Mangualde da PSA e a fábrica em Cacia da Renault.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou esta quarta-feira o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que na terça-feira. O número de mortos no país subiu para dois.
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