Covid-19: ‘Fiquem em casa’ dá milhões a seguradoras. MAIF cede parte aos segurados
O confinamento imposto pela pandemia deixa estradas vazias, reduz participações de sinistros e, por conseguinte, as seguradoras pagam menos danos. A MAIF devolve dinheiro aos segurados.
O CEJ (Center for Economic Justice), entidade não lucrativa dedicada à defesa de direitos dos consumidores nos EUA, e a federação norte-americana de consumidores (CFA) dirigiram uma carta às autoridades estaduais de seguros dos EUA, recomendando que parte do dinheiro extra – arrecadado pelo setor de seguros no atual contexto de redução de tráfego rodoviário (e de acidentes) – deve ser redistribuída aos automobilistas titulares de seguro auto.
A missiva salienta que, por causa da quebra no tráfego desceram os gastos com danos. As seguradoras têm 50 dólares mensais de ganho extra por cada apólice de seguro automóvel, estimam as organizações. O parque automóvel dos EUA conta 268 milhões veículos, e mesmo que alguns circulem sem seguro, os autores da carta calculam que as seguradoras obtêm cerca de 2 mil milhões de dólares de “lucro acrescido” por cada mês de confinamento, denuncia Douglas Heller, especialista em seguros na CFA.
As subscritoras da carta conjunta sustentam que o dinheiro extra deve ser devolvido aos segurados. “Isso significaria um alívio nos prémios pagos, assegurando também que os encargos não se mantêm tão desproporcionados” enquanto não utilizam os automóveis.
Birny Birnbaum, diretora executiva do CEF e especialista em estudos jurídicos na área de seguros observa que, até agora nenhuma seguradora decidiu oferecer descontos no valor dos prémios, mas algumas estão a alargar períodos de carência face a atrasos de pagamentos.
Mas, se por um lado, o “fiquem em casa” pode significar menos gastos nas indemnizações por danos com sinistros e contribuição positiva para a conta operacional das companhias, por outro, a situação também resultará na redução do volume de apólices emitidas. No entanto, na Europa, há quem já tenha decidido entregar aos segurados uma parte ganhos obtidos com a paragem imposta pela crise pandémica.
MAIF proclama solidariedade: “cada ato conta”
A companhia de origem mutualista já assumiu que a parcela de ganhos gerados com a situação de excecionalidade deve ser partilhada com os associados. De acordo com uma comunicação na página eletrónica da Mutuelle d’ Assurance des Instituteurs de France (MAIF), a decisão foi tomada a 1 de abril e implementada no dia seguinte. Os membros societários vão beneficiar das poupanças geradas com a diminuição de acidentes rodoviários no período de confinamento.
“O objetivo permanente de dar a melhor resposta aos sócios mais expostos” e a mobilização constante de recursos só é possível “pelo nosso modelo mutualista”, salienta a entidade onde os segurados são simultaneamente os seus próprios seguradores.
Com base num período de confinamento calculado em oito semanas e face ao decréscimo significativo de participações de sinistro automóvel, a companhia estima ter uma poupança em torno dos 100 milhões de euros. Neste contexto, a MAIF decidiu reverter este dinheiro para os segurados que são titulares de uma apólice auto e que tenham as cotizações em dia.
A MAIF conta cerca de três milhões de sócios (com igual ou superior número de automóveis segurados) protegendo um total de sete milhões de beneficiários em diversos ramos de seguro. Neste quadro, a direção geral executiva liderada por Pascal Demurger indica que o reembolso será de 30 euros (indivisíveis) por cada veículo segurado (automóveis ligeiros de passageiros e motociclos de cilindrada superior a 125cc)
O mutuários foram todos informados por email e por correio (que chegará depois da reposição operacional). Ainda, os beneficiários da medida serão livres de canalizar o dinheiro para uma de três entidades de saúde que operam na frente da pandemia, como por exemplo Fondation des Hôpitaux de Paris-Hôpitaux de France, Institut Pasteur e Secours Populaire.
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