“Preservar postos de trabalho é sair desta crise muito mais rapidamente”, diz Pedro Norton

90% dos colaboradores da Finerge estão em teletrabalho. Pedro Norton considera que a Finerge "está a conseguir níveis de produtividade assinaláveis e que a transição foi muito fácil".

Pedro Norton, CEO da Finerge está a gerir uma equipa de 65 trabalhadores em teletrabalho. O CEO da empresa explica que, antes de ser decretado o estado de emergência, a empresa “tomou a decisão de colocar 90% da empresa a funcionar em teletrabalho”.

O CEO da segunda maior produtora de energia renovável no país refere que a única exceção são os colaboradores do centro de despacho que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana e como tal não podem trabalhar remotamente. “Uma das razões pelas quais decidimos que grande parte da empresa ia trabalhar remotamente foi para proteger aqueles que tinham mesmo de trabalhar nas nossas instalações”, explica ao ECO, Pedro Norton.

Definição de turnos e higienização dos postos de trabalho são algumas das medidas implementadas para aqueles que não têm a hipótese de trabalhar a partir de casa. Pedro Norton refere que vai, no mínimo, uma vez por semana à sede da empresa, localizada em Matosinhos. “Enquanto tivermos trabalhadores lá é a minha obrigação dar o exemplo”, conta o CEO da Finerge, em entrevista para a rubrica do ECO, Gestores em teletrabalho.

“Temos uma infraestrutura de IT robusta, e por isso esta transição do ponto de vista tecnológico foi muito fácil“, refere Pedro Norton. O gestor vê algumas vantagens neste regime de teletrabalho: “As pessoas acabam por ser mais disciplinadas, o nível de concentração até acaba por ser maior porque não estamos a ser constantemente interrompidos”, destaca.

“Não é o ideal, mas estamos a conseguir níveis de produtividade assinaláveis e arrisco dizer que esta experiência forçada, que estamos todos a ter, vai deixar rastos e vamos começar a fazer determinadas coisas remotamente com mais facilidade”, evidencia Pedro Norton.

Todo o emprego que não se destrua é uma grande vitória. Sabemos que em mercados de trabalho rígidos, como é o caso de Portugal, é muito mais fácil destruir empregos que voltar a criá-los.

Pedro Norton

CEO da Finerge

Em relação aos clientes, o CEO da Finerge conta que “está tudo a correr com relativa normalidade” e que a maior preocupação são os fornecedores: “É preciso garantir que não há quebras nas cadeias de fornecimento e conseguir continuar a fazer as operações de manutenção dos nossos parques de forma normal”, explica Pedro Norton.

Grande desafio do Governo é manter os postos de trabalho

O CEO da Finerge considera que as medidas do Governo vão no bom sentido, apesar de considerar que a “medida do lay-off é absolutamente crítica para preservar a capacidade produtiva durante esta crise, tendo em conta que temos uma estrutura de trabalho muito rígida”. “Todo o emprego que não se destrua é uma grande vitória. Sabemos que em mercados de trabalho rígidos é muito mais fácil destruir empregos que voltar a criá-los“, explica o CEO da Finerge.

Para o gestor um dos grandes desafios de Portugal é conseguir manter os postos de trabalho.“Se conseguirmos preservar postos de trabalho, sairemos disto com muito mais velocidade”, destaca o CEO da Finerge.

A maior dúvida do gestor é por quanto tempo é que o Estado vai conseguir manter este tipo de apoios. “Um mês de lay-off custa qualquer coisa como meio ponto percentual do PIB, mil milhões de euros. Sabemos as dificuldades que o país tem, o nível de dívida e por isso é difícil conceber que estes apoios se possam manter durante muito tempo, caso não existam apoios europeus”, diz.

A Finerge, que conta com um volume de negócios 190 milhões, é proprietária de 45 parques eólicos, quatro parques solares em Portugal e seis centrais solares em Espanha. Face a esta pandemia, o CEO da empresa, explica que o consumo energético “já deu sinais de abrandamento tendo em conta que a produção industrial também caiu”.

Só em Portugal, a Finerge, já investiu mais mil e quinhentos milhões de euros em centrais eólicas, apesar de Pedro Norton considerar que o “crescimento nos próximos anos vai focar-se mais na energia solar”, conclui o gestor.

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