Processamento de salários através do Novo Banco manteve-se “resiliente”, exceto na restauração e turismo
Os dados das contas mantidas no Novo Banco mostram que o processamento de salários manteve-se "resiliente" entre fevereiro e março apesar do vírus. Mas restauração e turismo são exceções negativas.
Muitas empresas conseguiram manter os salários dos trabalhadores em março, mas os setores da restauração e do turismo registaram “quedas expressivas”. A conclusão é do departamento de research do Novo Banco, com base nos salários transferidos e recebidos em contas no banco, que representam “uma amostra significativa para a economia portuguesa”, garante a instituição.
“Apesar dos impactos já significativos do Covid-19 sobre a atividade económica em Portugal, com vários setores forçados a interromper as suas operações ou a limitarem fortemente a sua produção, os dados apurados sugerem que, entre fevereiro e março, o processamento de salários processados pelo Novo Banco […] mostrou-se, no seu conjunto, resiliente, embora em queda”, lê-se no estudo divulgado pelo banco.
Segundo o trabalho do NB Research, “em termos globais, o número de empresas a pagar salários recuou 4% e o número de trabalhadores a receber salário recuou 6%”. Contudo, alguns setores apresentaram quedas “mais acentuadas”, nomeadamente o da restauração e o do turismo, numa altura em que a generalidade dos portugueses é instada a ficar em casa para prevenir o avanço da pandemia.
“Em termos setoriais, observa-se uma boa correlação entre os setores com maiores quedas no processamento de salários e as atividades mais penalizadas, ao nível do consumo, pelas medidas de mitigação do Covid-19”, confirma o Novo Banco. “O número de empresas a pagar salários registou as quedas mais expressivas na restauração (-22%), turismo (-15%), lazer e desporto (-13%), alojamento (-11%) e comércio e reparação de automóveis (-9%)”, aponta a empresa presidida por António Ramalho.
“Já a construção (-2%), o comércio a retalho e grossista e a indústria transformadora (todos -1%) registaram quedas pouco significativas no número de empresas a pagar salários”, continua o Novo Banco. Em contrapartida, houve mesmo setores que registaram aumentos, nomeadamente os das telecomunicações, comunicação e media e tecnologia de informação (+6%), “embora, neste caso, com quedas nos montantes salariais pagos e no número de trabalhadores a receberem salário”, continua a instituição.
“Com a exceção deste setor, a evolução dos montantes salariais processados segue um padrão semelhante ao do número de empresas, destacando-se as quedas de 18% no turismo e restauração, 10% no comércio automóvel e 8% no alojamento”, acrescenta o Novo Banco.
Os dados revelados esta semana mostram também que Algarve e Açores são as regiões mais penalizadas. “Em termos regionais, o Algarve regista, no continente, as quedas mais expressivas, refletindo — sem surpresas — o elevado peso do turismo na economia: -10% no número de empresas a processar salários, -7% no montante de salários pagos e -12% no número de trabalhadores a receber salário. As outras regiões do continente registam quedas entre 2% e 5% nos diversos indicadores, com Lisboa e o Centro no intervalo superior destes valores”, conclui o Novo Banco.
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