100 vozes pedem recuperação verde da economia portuguesa
Perto de uma centena de organizações e personalidades da sociedade portuguesa subscreveram o Manifesto por uma Recuperação Económica Justa e Sustentável em Portugal.
São perto de uma centena as organizações e personalidades que assinaram o novo Manifesto por uma Recuperação Económica Justa e Sustentável em Portugal, informou a Associação Natureza Portugal (ANP), que trabalha em alinhamento com o WWF – World Wide Fund For Nature, em comunicado. Esta tomada de posição da sociedade civil foi tornada pública esta segunda-feira, Isto num momento em que decorrem as discussões sobre o relançamento da economia pós estado de emergência devido ao Covid-19.
“O momento de crise económica e social que se avizinha não pode servir de pretexto para se ignorar os caminhos que já estavam traçados, sendo agora, mais do que nunca, essencial a articulação entre os vários Ministérios para assegurar que as medidas definidas estão em linha com os objetivos do Pacto Ecológico Europeu e em linha com uma sociedade e uma economia que respeita a Natureza”, disse Ângela Morgado, Diretora Executiva da ANP|WWF, organização que promoveu este Manifesto.
Para os subscritores “não se trata de criar uma nova economia do zero, mas sim de uma economia justa e sustentável como o único caminho para a recuperação da economia portuguesa, onde o investimento público deve estar claramente balizado, e não deverá ser aplicado de forma indiscriminada a todos os setores”.
Refere a organização não-governamental de ambiente (ONGA) que o setor dos bens e serviços ambientais — “crítico para uma recuperação justa e sustentável” — registava em Portugal em 2017 taxas de crescimento superiores às da economia nacional no emprego (3,7%, que compara com 3,4%) e nas exportações (20,0%, face ao aumento de 11,6% do total das exportações). Em toda a Europa, entre 2000 e 2015, a taxa de crescimento dos empregos verdes foi sete vezes maior do que a verificada nos outros setores da economia”.
Os 94 signatários acreditam que “o compromisso com uma recuperação económica justa e sustentável deve ser assumido por todos os setores da sociedade portuguesa”, por isso subscreveram o Manifesto:
- 27 associações não-governamentais de ambiente, sociais, agrícolas, florestais, de desenvolvimento, e cooperativas, entre as quais a ANP|WWF, o FAPAS, o GEOTA, a LPN, a SPEA, a Zero, a Amnistia Internacional, a Agrobio, a Coopérnico, a ANSUB, a Ocean Alive e a ADPM;
- 18 empresas, como a GoParity, o Impact Hub Lisboa, a NeptunPearl e a marca GreenFest;
- 2 associações empresariais, a BCSD e a BlueBio Alliance;
- 1 Centro de Investigação, o CEABN;
- 46 figuras de destaque na sociedade portuguesa, entre as quais Filipe Duarte Santos, Luísa Schmidt, Viriato Soromenho Marques, Francisco Castro Rego, Sofia Santos, Jorge Pulido Valente e Filipa Saldanha, entre outros académicos, economistas, cientistas e figuras públicas como o músico Miguel Guedes, o desportista Francisco Lufinha e o artista Miguel Martins.
“A sociedade portuguesa une-se em torno de uma visão coletiva sobre uma recuperação económica que coloca no centro das preocupações uma sociedade mais justa, mais eficiente no consumo de recursos e mais resiliente”, frisou ainda a associação ambientalista, acrescentando: “As medidas económicas a tomar neste período que se avizinha devem ser justas e sustentáveis e baseadas no Pacto Ecológico Europeu (PEE), no Acordo de Paris, nos objetivos de proteção da biodiversidade e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs), com vista a uma sociedade e economia mais resilientes e inclusivas no futuro”.
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