Abanca admite que Covid-19 vai afetar preço a pagar pelo EuroBic

Abanca adianta que já está a negociar com o EuroBic as condições e o preço final para a compra do banco português. Processo estará concluído ainda este mês.

O Abanca admite que a pandemia do novo coronavírus vai afetar o preço a pagar pelo EuroBic. Juan Carlos Escotet, chairman do banco galego, adianta que já está a negociar com Teixeira dos Santos as condições e o preço final para a compra do banco português, um processo que ficará concluído ainda durante este mês de maio.

“Naturalmente, os possíveis efeitos do Covid-19 vão ter de estar incluídos na negociação porque vão existir claramente efeitos adversos”, declarou Escotet durante a apresentação dos resultados do Abanca do primeiro trimestre. O banco espanhol viu os lucros caírem 13% para 127 milhões de euros por causa do reforço de provisões de 78 milhões que fez por causa da crise do coronavírus.

“O efeito do Covid-19 tem de ser incorporado e efetivamente pode ter algum impacto no preço. Fará parte da negociação”, disse ainda o dono do Abanca aos jornalistas esta terça-feira.

O efeito do Covid-19 tem de ser incorporado e efetivamente pode ter algum impacto no preço. Fará parte da negociação.

Juan Carlos Escotet

Chairman do Abanca

Escotet frisou, ainda assim, que é “prematuro concluir que o preço do EuroBic vai ser inferior à primeira aproximação que havíamos acordado”. O Abanca terá feito uma proposta a rondar os 240 milhões de euros pelo banco de onde Isabel dos Santos (e outros acionistas angolanos) está de saída na sequência da polémica do Luanda Leaks.

O preço final resultará da “fase de negociações do contrato e das condições financeiras”, que já está em curso, revelou o gestor hispano-venezuelano. Escotet disse esperar negociações “convenientes tanto para o comprador como para a parte vendedora”. Mas o valor do negócio também dependerá dos resultados da due dilligence. Desde fevereiro, altura em que foi alcançado um acordo, que banco galego está a fazer uma análise aprofundada às contas do EuroBic para se inteirar da situação financeira do banco e perceber o impacto do Luanda Leaks e da exposição à empresária angolana. Entretanto, o surto do vírus também passou a fazer parte dessa análise.

O chairman do Abanca explicou que a due dilligence também vai incorporar o efeito Covid, nomeadamente “o efeito que poderá ter no malparado da carteira e da possível perda esperada”. O impacto da pandemia “pode ser de certa importância”, acrescentou Escotet.

Apesar disso, Juan Carlos Escotet antecipa que o impacto do Covid-19 não será tão sério em Portugal como vai ser em Espanha. O gestor bancário sublinhou a boa gestão da pandemia no nosso país.

“A nossa estimativa é que os efeitos adversos em Portugal são consideravelmente inferiores aos que estamos a prever em Espanha dado o impacto da pandemia”, referiu. “O tempo da recuperação [da economia] será mais lento em Espanha. Em Portugal, tendo em conta que o número de contágios tem sido claramente inferior, prevemos que a recuperação económica seja em menor tempo”, frisou.

Escotet voltou a lembrar que pretende fazer do Abanca uma instituição de “vocação ibérica” e que o interesse no EuroBic reforça essa intenção estratégica.

Estado paga 30 milhões ao EuroBic

O EuroBic registou lucros recorde de 61 milhões de euros em 2019. O desempenho ficou a dever-se em grande parte a uma decisão do tribunal arbitral em relação a um litígio que opunha o banco ao Estado português no âmbito da venda do BPN, em 2012, e cujo contributo foi de 30,6 milhões de euros para os proveitos do EuroBic.

Por outro lado, o banco liderado por Teixeira dos Santos também contabiliza a venda de um imóvel na rua Rua Nicolau Bettencourt, em Lisboa, por cinco milhões de euros. Também ajudou nas contas.

Em relação a Isabel dos Santos, o EuroBic adiantou que o crédito concedido ao universo de entidades controladas pela empresária angolana e entidades controladas por pessoas estreitamente relacionadas totalizava 32 milhões de euros no final de dezembro de 2019. Foram registadas imparidades de oito milhões de euros na sequência do impacto do Luanda Leaks.

Entretanto, adianta o banco, já foram amortizados cerca de 14 milhões de euros nos últimos meses, pelo que a exposição ao universo Isabel dos Santos e pessoas próximas à angolana ascendia agora a 18 milhões de euros.

O EuroBic admite que as notícias relacionadas com as operações de Isabel dos Santos “alegadamente irregulares (…) afetaram significativamente a reputação” do banco.

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