FMI (ainda) mais pessimista: vê PIB da Zona Euro a cair 10,2% em 2020

O Fundo Monetário Internacional está ainda mais pessimista com a evolução da economia mundial na sequência da crise pandémica. As perdas podem superar os 12 biliões de dólares.

Tal como a diretora-geral Kristalina Georgieva tinha antecipado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as projeções de evolução da economia face às previsões de abril. Esta quarta-feira chegou uma dose extra de pessimismo por causa da evolução da crise pandémica: o PIB mundial encolhe 4,9% em 2020, o do EUA contrai 8% e o da Zona Euro perde 10,2%, menos 2,7 pontos do que a previsão anterior.

Na atualização do World Economic Outlook, sob o título “Uma crise como nenhuma outra, uma recuperação incerta“, o FMI explica que a “pandemia tem tido um impacto mais negativo na atividade [económica] no primeiro semestre de 2020 do que o antecipado e projeta-se que a recuperação seja mais gradual do que o previsto anteriormente”. Estes fatores justificam o corte nas previsões que levará o nível de PIB em 2021 cerca de 6,5 pontos percentuais abaixo das projeções pré-pandemia.

Estas projeções implicam uma perda acumulada da economia mundial em dois anos (2020-2021) de mais de 12 biliões de dólares provocada por esta crise“, estima Gita Gopinath, economista-chefe do FMI. Contudo, o Fundo continua a assinalar que a incerteza é grande pelo que as previsões poderão ser alvo de novas revisões de dimensões significativas no futuro.

Na Zona Euro, o FMI piora as previsões dos países mais afetados pelo vírus como é o caso de Espanha (-12,8%) e Itália (-12,8%), mas também o de França (-12,5%). Apenas escapa a Alemanha, cuja revisão em baixa é curta, com uma previsão de -7,8%.

Nestas previsões, o FMI não divulga nenhum número atualizado para Portugal. Em abril, o Fundo previa uma contração da economia de 8% e um défice de 7,1% em 2020. Porém, as revisões em baixa realizadas nesta atualização sugerem que a previsão para a economia portuguesa também deverá ser pior do que a estimada anteriormente.

Dívida vai superar recorde da Segunda Guerra Mundial

Do ponto de vista orçamental, o FMI prevê que os países do G20 vão gastar 6% do PIB, em média, com a crise pandémica, o dobro dos 3% estimados em abril e “muito acima” da resposta à crise financeira mundial de 2008/2009. Assim, o estímulo orçamental poderá chegar a “perto de 11 biliões de dólares” a nível mundial, acima dos 8 biliões de dólares estimados em abril.

Porém, esta resposta musculada dos Estados irá, inevitavelmente, levar a um maior nível de endividamento público. “Projeta-se que a dívida pública face ao PIB chegue este ano ao nível mais elevado já registado na história, tanto nas economias avançadas e emergentes como nas economias em desenvolvimento”, antecipa Gita Gopinath, referindo que superará o anterior máximo provocado pela Segunda Guerra Mundial.

Tal será um desafio para os anos a seguir à pandemia. A economista-chefe diz que os países vão necessitar de enquadramentos orçamentais “adequadas” para consolidar no médio prazo e sugere medidas: “cortes nos desperdícios da despesa pública, alargando a base de tributação, minimizando a fuga aos impostos e uma maior progressividade na tributação em alguns países“.

(Notícia atualizada às 14h19)

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