Bruxelas prevê que economia portuguesa afunde quase 10% este ano. Foi a maior revisão em baixa na UE

As previsões da Comissão Europeia para a economia portuguesa são bastante mais pessimistas que as do Governo, que apontam para uma quebra de apenas 6,9%. Bruxelas prevê uma contração de 9,8%.

A Comissão Europeia estima uma quebra de 9,8% no PIB de Portugal este ano, nas previsões económicas de verão, conhecidas esta terça-feira. Esta foi a maior revisão em baixa entre os Estados-membros, face às projeções da primavera, divulgadas em maio, quando Bruxelas apontava para uma contração de 6,8% em 2020.

Esta projeção, que foi revista em baixa três pontos percentuais, é mais pessimista que a do Governo, que aponta para uma quebra de 6,9%. Já para o próximo ano, Bruxelas prevê uma recuperação da economia portuguesa na ordem dos 6%, valor este que foi revisto em alta, sendo que em maio estimava um crescimento de 5,8%. Para 2021, o Governo estima uma recuperação de 4,3%.

As previsões de Bruxelas para PortugalComissão Europeia

Quanto às previsões para o segundo trimestre do ano, estima-se que o desempenho económico tenha caído “a um ritmo muito mais acentuado”, de cerca de 14% (em cadeia, face ao trimestre anterior), “refletindo contrações dramáticas na maioria dos indicadores económicos”, aponta a Comissão, sinalizando que o turismo foi o setor mais afetado.

Falta de turismo estrangeiro penaliza

“Com o confinamento a começar a relaxar em maio, a atividade económica está a recuperar lentamente, mas para muitas empresas, nomeadamente companhias aéreas e hotéis, deverá permanecer bem abaixo dos níveis antes da pandemia por um longo período de tempo“, sublinha a Comissão Europeia, no relatório.

Bruxelas aponta ainda, no segmento específico sobre Portugal, que os riscos “ainda estão inclinados para a negativa devido ao grande impacto do turismo estrangeiro, onde as incertezas a médio prazo permanecem significativas”.

Questionado sobre a revisão em baixa das previsões para o país, o comissário europeu para a Economia sublinhou que a diferença é baseada num “pior resultado aquém do esperado no primeiro trimestre e uma recuperação mais baixa do que o previsto no turismo estrangeiro, particularmente no número de voos e no adiamento da reabertura da fronteira com Espanha”, na videoconferência para apresentar o relatório.

“Isto confirma como a incerteza nos voos e no turismo global pode afetar em particular economias que são fortemente ligadas a isso“, como é o caso de Portugal, apontou Paolo Gentiloni.

Ainda esta semana, o Reino Unido decidiu excluir Portugal da lista dos destinos turísticos para os quais o Governo britânico autoriza que os seus cidadãos possam deslocar-se sem terem de cumprir um período de 14 dias de quarentena no regresso.

Os turistas do Reino Unido têm um grande peso no turismo nacional, tendo chegado ao país mais de nove milhões de britânicos aos aeroportos portugueses no ano passado, muitos deles em busca do sol algarvio.

“Deixar Portugal de fora [dos corredores aéreos] constitui uma autêntica bomba atómica para toda a economia do Algarve”. Foi assim que reagiu a Confederação de Empresários do Algarve à decisão do governo de Boris Johnson.

Europa cai, mas não tanto

Já quanto à inflação, o relatório da Comissão Europeia prevê-se que permaneça moderada em 2020, e que comece a aumentar gradualmente em 2021, em linha com a recuperação económica.

Olhando para o quadro geral, a Comissão Europeia prevê uma quebra de 8,7% no PIB da Zona Euro este ano, e uma recuperação de 6,1% no próximo ano. Já para a União Europeia, as projeções apontam para uma contração de 8,3% em 2020 e um crescimento de 5,8% em 2021. Ambas as projeções foram revistas em baixa face a maio.

Na comparação com a Europa, Portugal sai mal na fotografia já que cai este ano mais do a União Europeia e mais do que a média do bloco dos países do euro. Pior que Portugal aparecem economias como Espanha, França e Itália, todas com recessões previstas de mais de 10%.

(Notícia atualizada às 11h15 com mais informações)

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