“Conflito de interesses de Centeno é mais do que evidente”, defende Daniel Bessa

Economista Daniel Bessa diz que "é mais que evidente o conflito de interesses" na ida de Mário Centeno para o Banco de Portugal. Faz balanço positivo dos dois mandatos de Carlos Costa.

O ex-ministro das Finanças Mário Centeno é ouvido esta quarta-feira na comissão de orçamento e finanças, no âmbito da sua nomeação pelo Governo para o cargo de governador do Banco de Portugal (BdP). A escolha não tem sido consensual e, para o ex-ministro da Economia, Daniel Bessa, “o conflito de interesses é mais do que evidente”.

“Não estando em causa a competência técnica e profissional de Mário Centeno, muito menos a pessoa, o conflito de interesses é mais do que evidente”. O economista explica o porquê desta incompatibilidade: “São muitas as situações em que, como governador do BdP, terá de se pronunciar e, porventura, de decidir sobre situações que, no passado, decidiu na qualidade de Ministro das Finanças”, refere Daniel Bessa, em entrevista ao ECO.

Mário Centeno será ouvido esta quarta-feira pelos deputados na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, a partir das 9h00. Da audição de Centeno vai resultar um relatório com o “parecer” do Parlamento em relação a esta nomeação. Esta escolha tem feito correr muita tinta e vários partidos já reagiram à nomeação de Mário Centeno, tendo o ex-ministro das finanças apenas o apoio do PS.

O PSD é contra a ida de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal, mas considera que não podem ser feitas leis à pressa e ad hominem. O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Afonso Oliveira, pede ao Governo para tirar conclusões sobre a oposição dos partidos nesta nomeação.

O Bloco de Esquerda sempre defendeu que “Mário Centeno não é a pessoa indicada para ser governador do Banco de Portugal”, dando como exemplos os processos Novo Banco e Banif. O PCP concorda com o BE e refere que Centeno como governador não assegura o papel de “Banco Central Nacional” que a instituição deve ter.

André Silva, porta-voz do PAN não poupou críticas à esquerda e ao PSD por recuarem no projeto de lei que pretendia impor um período de nojo a Mário Centeno.

Mário Centeno foi indicado pelo novo ministro das Finanças, João Leão, para suceder a Carlos Costa na liderança do supervisor da banca. O economista Daniel Bessa corrobora a ideia defendida por vários partidos políticos e refere que esta escolha resultará num “evidente conflito de interesses”. Sobre o governador que ainda ocupa o cargo, faz um balanço positivo da liderança.

Não estando em causa a competência técnica e profissional de Mário Centeno, muito menos a pessoa, o conflito de interesses é mais do que evidente.

Daniel Bessa

Economista e ex-ministro da Economia

Bessa faz balanço positivo dos dois mandatos de Carlos Costa

Dez anos depois, Carlos Costa está de saída do Banco de Portugal e termina o mandato da mesma forma como começou: com um cenário de crise e incerteza a pairar sobre Portugal e o mundo. O governador deixa o cargo quando o país enfrenta uma situação de incerteza e instabilidade. Em relação ao caminho percorrido, o economista Daniel Bessa, que conhece Carlos Costa há mais de 50 anos, faz um balanço positivo dos dois mandatos do governador à frente do Banco de Portugal.

“Sendo seu amigo e seu admirador, faço uma avaliação positiva dos seus dois mandatos como Governador do Banco de Portugal (questão também sempre muito relativa, desde logo por não conseguir identificar quem, nas mesmas circunstâncias, pudesse, provavelmente, ter feito melhor)”, conclui o ex-ministro da Economia, Daniel Bessa.

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