Sem rendas garantidas, Galamba garante que consumidores não vão pagar hidrogénio na fatura da luz
Sobre os custos do hidrogénio, Galamba diz que a própria União Europeia reconhece que há tecnologias que não estão maduras. "É por isso que temos de investir nelas agora".
O secretário de Estado da Energia, João Galamba, garantiu esta quarta-feira que os consumidores portugueses de energia elétrica não pagarão nas suas faturas da luz, no futuro, os custos da Estratégia Nacional de Hidrogénio, que ficará fechada esta semana depois de ter estado em consulta pública.
Quando questionado sobre se o Governo se compromete que não haverá rendas ao hidrogénio, tal como houve no passado para as centrais térmicas, com os CMEC, e para as renováveis, com as tarifas feed-in, Galamba respondeu em entrevista à SIC Notícias (acesso livre) que “não haverá subsidiação nenhuma de eletricidade” no que diz respeito ao hidrogénio verde. Haverá sim, confirmou o governante, “uma subsidiação de parte dos custos numa fase de arranque, como vão fazer todos os países e como vai apoiar a UE. A Autoeuropa quando veio para Portugal também foi subsidiada. Todos os projetos que se candidatam a fundos europeus são subsidiados”.
Sobre os custos do hidrogénio, Galamba diz que a própria União Europeia reconhece que há algumas tecnologias necessárias para atingir as metas de 2030 e 2050 que não estão maduras. “É por isso que temos de investir nelas agora. Há oportunidade de a indústria portuguesa participar neste processo. Crime económico é ser contra o hidrogénio, porque se não disponibilizarmos as tecnologias para a indústria se descarbonizar estaremos a cometer um crime contra a economia”, disse em entrevista à Edição da Noite.
Quanto ao manifesto anti-hidrogénio “Tertúlia Energia”, assinado por cerca de 30 personalidades, incluindo o ex-ministro Mira Amaral, o ex-presidente da Autoridade da Concorrência, Abel Mateus, o ex-secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, que defende que a aposta do Governo no hidrogénio é um “erro” e que “aumenta os custos de produção”, Galamba reafirmou e aproveitou para explicar o que já tinha dito num webinar promovido pela Ordem dos Engenheiros.
“O manifesto é um manifesto anti-hidrogénio, anti-eólicas, anti-solar, anti-Europa e anti-fundos europeus. É colocar Portugal como uma espécie de Coreia do Norte, à margem das fontes de financiamento”, disse na altura Galamba, citado pelo Expresso. Agora voltou à carga nas críticas ao documento: “Este conjunto de personalidades parece desconhecer que a Europa definiu como sua política a obrigatoriedade de descarbonizar. Reduzir as emissões em todos os setores da Economia não é um devaneio do Governo português. O manifesto é contra as eólicas, contra o solar e contra o hidrogénio, as três principais opções energéticas da CE, que permitem, à indústria alcançar metas. Têm de explicar, se repudiam a aposta no hidrogénio, como é que sugerem alcançar as metas”, disse o secretário de Estado, lembrando que a indústria nacional tem de reduzir mais de 40% das emissões até 2030.
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