Particulares já pediram todos os cheques para carros elétricos
Depois das empresas terem esgotado os incentivos para comprarem carros elétricos, acabaram-se os apoios para os particulares. Pode haver alguns extra, mas só no fim do ano.
Foi rápido enquanto as empresas pediram todos os cheques que lhes tinham sido destinados para comprarem carros elétricos — e já foram todos entregues. No caso dos particulares, demorou um pouco mais, muito por causa da pandemia, mas o total de pedidos acabou por superar os incentivos disponibilizados nas primeiras semanas de agosto.
“O número de candidaturas para a tipologia ‘Veículos ligeiros de passageiros – pessoas singulares’ ultrapassou o número de incentivos disponíveis para essa mesma tipologia no passado dia 11 de agosto“, diz o Ministério Ambiente e da Ação Climática ao ECO. Foram disponibilizados, este ano, 700 destes “cheques” para particulares, mais do dobro dos destinados a pessoas coletivas.
De acordo com dados do Fundo Ambiental, responsável pela gestão da verba de quatro milhões de euros destinado ao Incentivo pela Introdução no Consumo de Veículos de Baixas Emissões, há, atualmente, 753 candidaturas recebidas. Destas, 682 já foram aceites, tendo sido processados respetivos apoios, enquanto 44 foram excluídas.
Cada um destes “cheques” tem um valor de 3.000 euros, no caso dos particulares. Está limitado a um “cheque” por cada candidato que seja pessoa singular, sendo que o apoio só pode ser utilizado para comprar automóveis elétricos de valor inferior a 62.500 euros. Acima dessa barreira é considerado um automóvel de luxo.
No caso das empresas, apesar de o valor do apoio ser inferior (de 2.000 euros), podem ser solicitados mais “cheques”, num total de quatro. Ou seja, cada pessoa coletiva pode receber até 8.000 euros ao abrigo desta medida que pretende ajudar à transição de veículos poluentes, nomeadamente com motores a combustão, por outros mais “amigos do ambiente”.
Mais cheques só antes do Natal
Estão entregues todos os “cheques” para carros elétricos às empresas, mas também estão esgotados os incentivos para a compra destes veículos por parte dos particulares. Contudo, pode haver ainda esperança para os muitos candidatos que arriscam ficar sem apoio para a aquisição destes modelos, este ano.
Além dos incentivos para empresas e particulares comprarem elétricos de passageiros, este ano foi criada uma nova categoria: veículos ligeiros de mercadorias elétricos. Mas ao contrário das outras, neste caso a procura tem sido reduzida. De tal forma que Matos Fernandes, ministro do Ambiente, admitiu ao Capital Verde/ECO que se sobrar dinheiro, verba será distribuída pelas outras categorias.
“Nenhuma verba sobrará. Se por qualquer razão nos ligeiros de mercadoria – onde ainda só tivemos 10% de procura a meio do ano – sobrar dinheiro, vai para as candidaturas que entretanto ficaram esgotadas”, afirmou o ministro. Atualmente, para os 300 “cheques” há apenas 43 pedidos, pelo que poderá haver mais “cheques” para empresas e particulares comprarem carros elétricos.
“Caso, findo o prazo de 30 de novembro de 2020, não tenha sido atribuído o número máximo de unidades de incentivo a alguma das tipologias de veículos, e havendo lista de espera de candidaturas em outra tipologia, o valor não atribuído à(s) primeira(s) tipologia(s) será atribuído, por ordem, às candidaturas elegíveis que estejam em lista de espera nas outras tipologias, até esgotamento desse valor”, nota o Ministério Ambiente e da Ação Climática ao ECO. Ou seja, novos “cheques” só mais perto do Natal.
Um quarto dos carros com desconto
O apoio estatal à compra de veículos elétricos tem ajudado a puxar pelas vendas destes automóveis, numa altura em que a crescente oferta das mais variadas fabricantes também deu um impulso ao crescimento desta solução num mercado que continua a ser dominado por veículos a gasolina e a gasóleo.
Se no passado ajudou, este ano o incentivo está a ser determinante para impedir uma quebra expressiva nas vendas, como se observa nos modelos com motores de combustão interna. Até ao final de julho foram vendidos, de acordo com dados da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP), foram comercializados 4.088 carros elétricos de passageiros. Ou seja, os 1.000 “cheques” ajudaram a vender um em cada quatro elétricos.
O apoio à compra deste modelos poderá ser reforçado no próximo ano. Além dos “cheques” do Fundo Ambiental, o Governo prepara-se para recuperar o incentivo ao abate de veículos em fim de vida, mas condicionando esse incentivo à troca por carros a combustão por outros elétricos.
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