Ikea baixa preços e aposta na venda de painéis fotovoltaicos para uso doméstico
Reconhecendo que em 2020 "as vendas foram muito impactadas", o grupo sueco tem na calha para 2021 o lançamento em Portugal do serviço Home Solar, de venda de painéis fotovoltaicos para uso doméstico.
A Ikea Portugal vai investir 3,3 milhões de euros de euros para baixar os preços de 220 peças de mobiliário, decoração, iluminação, arrumação para a casa, entre muitos outros, já a partir de 1 de setembro. Além disso, 43% destes produtos com redução do preço de venda ao público (cerca de 95 referências) são soluções mais sustentáveis e amigas do ambiente. Feitos a partir de materiais renováveis ou reciclados, todos estes produtos permitem hábitos mais sustentáveis em casa e uma poupança no orçamento familiar até 500 euros por ano em água, eletricidade e alimentação, revela a cadeia sueca.
Com a apresentação de contas marcada para o final de setembro, a Ikea reconhece já que este ano “as vendas foram muito impactadas. Não sabemos o que vem aí em termos de quebra nos resultados. Temos de ajustar o negócio à nova realidade”, disse ao ECO/Capital Verde Ana Barbosa, responsável de sustentabilidade da Ikea, numa entrevista realizada através da plataforma Teams.
Na calha para 2021 está também o lançamento nas lojas do grupo em Portugal do serviço Ikea Home Solar, de venda e instalação de painéis fotovoltaicos para uso doméstico, uma unidade de negócio que a Ikea já tem em nove mercados do mundo (com parceiros externos) e que agora quer trazer para cá. De acordo com o relatório de Sustentabilidade de 2019, o número de clientes deste serviço cresceu 29% face a 2018 (com um aumento de 60% da energia renovável produzida) e cada consumidor conseguiu poupar, em média, 400 euros por ano na fatura da luz.
“Temos o objetivo de implementar esta solução em todos os 30 mercados Ikea até 2025 e em Portugal estamos a trabalhar para acelerar o projeto e podermos lançar este serviço no próximo ano. É mais uma solução para a vida sustentável em casa”, revelou Ana Barbosa.
Novo catálogo Ikea destaca “heróis da sustentabilidade”
No universo Ikea, esta segunda-feira, 17 de agosto, marca o “dia D para o lançamento no novo catálogo” da marca sueca, no qual estarão em destaque (a preços reduzidos) os “heróis da sustentabilidade”, que dizem respeito a 25% dos cerca de 10 mil artigos à venda nas lojas.
Desde as novas almôndegas de proteína vegetal com uma pegada carbónica 20% inferior às de carne de vaca, recipientes de vidro para conservação de comida, torneiras com redutor de causal, iluminação LED, móveis em bambu, garrafas e sacos reutilizáveis, mas também tapetes de entrada, feitos de plástico reciclado, sofás com capas de algodão orgânico, mesas, cadeiras, camas, mesas de cabeceiras, cómodas. “Todas as gamas têm os seus heróis da sustentabilidade. Quem compra pode ver a sua ficha técnica detalhada e perceber porque são mais sustentáveis”, diz Ana Barbosa.
Além do catálogo e do site, estes produtos amigos do ambiente terão palco nas lojas Ikea, ao longo de uma “linha verde” que percorre toda a exposição e, sobretudo, na Casa Sustentável, um conceito já instalado na loja de Matosinhos e que em setembro será alargado a todo o país.
“É uma casa onde vive um casal que consegue poupar 500 euros por ano em água, eletricidade e alimentação, através de produtos Ikea: isolamento de chão e janelas, iluminação LED, boa gestão de alimentos e poupança de água. Nesta “casa” estão expostas soluções de mobiliário e decoração, mas também dicas e hábitos que podem ser implementadas lá em casa”, explica Ana Barbosa, acrescentando: “Esta família poupa 250 euros por ano em comida. Como? Através de uma boa gestão da despensa, frigorífico, congelador, sobras e dos produtos e acessórios associados a essa boa gestão. São soluções do dia-a-dia, que todos podemos implementar, com impacto positivo no planeta e na carteira”.
“Até 2030, queremos inspirar 1.000 milhões de pessoas em todo o mundo a viver uma vida mais saudável e sustentável em casa, dentro dos limites do planeta. Vamos estar muito focados neste objetivo no ano fiscal que começa em setembro de 2020″, sublinha a responsável de sustentabilidade da Ikea, revelando os resultados de um inquérito realizado no ano passado aos clientes: 90% dos portugueses consideram-se responsáveis por terem um impacto mais positivo, mas mais de 70% não sabem como o fazer, porque não há oferta, informação ou porque a sustentabilidade é cara.
“Num ano especialmente difícil para os portugueses, a Ikea quer estar na linha da frente para ajudar a maioria das pessoas a ter acesso a soluções bonitas, sustentáveis e com qualidade. Para isso, vamos continuar a nossa estratégia de redução de preços, agora em 220 artigos de todas as áreas da casa, com especial foco nos produtos mais sustentáveis. Sabemos que muitas pessoas estão a enfrentar uma queda nos seus rendimentos e o emprego ficará mais inseguro, mas que a casa é mais importante que nunca. É nesse sentido que iremos continuar a trabalhar para oferecer soluções cada vez mais acessíveis e, assim possibilitar uma vida melhor em casa aos portugueses”, explica por seu lado Michaela Quinlan, diretora comercial da IKEA Portugal.
Portugal é um dos campeões da Ikea nas renováveis
Apesar do maior foco na sustentabilidade em 2021, este é um caminho trilhado pela Ikea “desde sempre”, diz a responsável. Em 2012, o grupo sueco lançou a sua primeira estratégia de sustentabilidade, depois revista e atualizada em 2018, sob o mote “Pessoas Positivas, Planeta Positivo”. Neste documento, a empresa define metas ambiciosas para 2030 que vão desde as matérias-primas até ao fim de vida do produto, passando pelo design circular.
“A ideia é desenvolver a nossa gama de forma a ter um impacto menor no planeta. Temos a ambição de sermos circulares, utilizar matérias-primas recicladas (como o plástico, que deixará de ser de origem fóssil até 2030) ou de fontes sustentáveis (madeira e papel), energias renováveis e reduzir ao máximo a nossa pegada carbónica. Tudo que não conseguimos reduzir ao nível de emissões vamos compensar com captura de CO2″, remata Ana Barbosa.
Em 2018, a Ikea Portugal tornou-se proprietária de um parque eólico no norte do país, com uma capacidade instalada de 50 MW e uma produção anual estimada de 156 GWh. “Reduzir as nossas emissões de CO2 passa por consumirmos eletricidade de origem renovável e também produzirmos a nossa própria energia. Comprámos o parque eólico do Pisco que tem 25 turbinas e produz o equivalente para alimentar cerca de 30 lojas Ikea. Em Portugal já produzimos mais do que aquilo que consumimos. Investimos ainda em painéis fotovoltaicos nas coberturas das nossa lojas e temos 11.000 painéis instalados em quatro lojas (Alfragide, Loulé, Loures, Matosinhos), exceto a de Braga, e conseguimos produzir cerca de 20% do consumo durante o dia”, garante Ana Barbosa.
Desde 2009, a multinacional de origem sueca com 374 lojas em 30 países já investiu cerca de 2,5 mil milhões de euros em produção de energia eólica e solar em todo o mundo: tem hoje 534 turbinas eólicas e duas centrais solares em 14 países, bem como 920.000 painéis fotovoltaicos nos telhados das lojas e armazéns da marca. Portugal é o sétimo país onde a Ikea produz mais energia renovável: em 2019 foram 154.695 MWh.
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