Na mesa do recrutador: Cláudio Valente, da Ikea

A fotografia que ilustra este artigo é a da mesa que Cláudio Valente, 43 anos, ocupou no dia em que esta entrevista foi feita. É que todos os dias, esta realidade - a mesa de trabalho - pode mudar.

Esta mesa não é de ninguém. Esta mesa é de todos. A fotografia que ilustra este artigo é a da mesa que Cláudio Valente, 43 anos, ocupou no dia em que esta entrevista foi feita. É que todos os dias, esta realidade – a mesa de trabalho – pode mudar.

Os conceitos de hot desk e de clean desk são prática comum no escritório da IKEA Portugal, em Loures. Em alternativa, cada um dos 177 trabalhadores do escritório tem um cacifo onde pode guardar as suas coisas todos os dias. “Não há uma mesa, há várias mesas. E é algo que, ao princípio, pode parecer estranho. Na IKEA não existem gabinetes. Se um trabalhador não tem lugar na ilha habitual, terá de sentar-se ao lado de outro lugar qualquer, noutra área qualquer. Mas isso ajuda a conhecer melhor os colegas e o que eles fazem, e ajuda a que, no nosso dia-a-dia, sejamos mais fortes enquanto equipa”, explica Cláudio Valente.

O responsável de people & culture da IKEA está no grupo desde 2011 mas só chegou à área do retalho em 2016. A sua experiência na empresa sueca começou em Paços de Ferreira. Seguiu-se Malmö, na Suécia e, depois, Loures, de volta a “casa”. O escritório – que agrega todas as áreas de suporte no país, entre as quais comunicação, finance, comercial, marketing e supply chain – é um reflexo da cultura da empresa nórdica e, do próprio país. Todos os dias, passa pelo escritório gente nova que vem das das diferentes unidades para o service office. Também por isso não há “lugares fixos”: fomenta-se a cocriação. O outro foco, acrescenta o responsável, é a inclusão: há sempre espaço para mais um.

Cláudio Valente, da Ikea.Hugo Amaral/ECO

“Eu sempre acreditei na diversidade e inclusão, mas a inclusão não é fácil. Muitas vezes as pessoas têm ideia de que somos mas, em boa verdade, não somos. E pela primeira vez com esta equipa, eu senti o que era inclusão. Chegámos a estar num carro em que havia três pessoas suecas e um não sueco, e não se ouvia uma única palavra em sueco, era sempre em inglês. Às vezes tínhamos reuniões em que eu era o único não sueco, e a reunião era toda em inglês. Acabava-se a reunião, íamos tomar um café, e o discurso continuava sempre em inglês. E também com um interesse genuíno em querer conhecer a pessoa”, exemplifica.

Talvez por ter sentido na própria pele o “walk the talk”, assegurar a diversidade é um dos objetivos fundamentais do responsável de people & culture. “A cultura sueca é baseada no respeito pelo próximo, pela vida, pelo planeta, pelo impacto que temos nestas dimensões. (…) Na diversidade e inclusão, começámos por uma área ligada ao talent management. Em dois anos, passámos de 46% de mulheres em cargos de liderança e gestão para 49%. E quando olhamos para os nossos planos de progressão e de alto potencial, continuamos a ter mulheres identificadas para conseguir garantir que se desenvolvem para, quando as oportunidades acontecem, termos uma competitividade enorme para a mesma posição”. Além do acesso igual a oportunidades, a IKEA também tem apostado numa política de equal pay e exibe o número 0 com orgulho: não há diferença nos salários de homens e mulheres na mesma função.

O que está na mesa do recrutador?

Computador e iPad

“Porque acho que o telefone já faz parte de nós, estes dois são as minhas ferramentas de trabalho. Uso-os no meu dia a dia, ao ponto de não ter arquivo fixo. Tudo o que eu tenho está digitalizado”, explica Cláudio Valente.

“Factfullness”

O livro de Anna Rosling Ronnlund, Hans Rosling e Ola Rosling “dá-nos uma perspetiva positiva sobre o mundo”. “Estamos habituados a ter uma visão pouco positiva, de que nada está bem. E este livro mostra, com factos, que o mundo não está assim tão mal, muito pelo contrário: se analisarmos os dados de há 60 ou 70 anos, estamos bem melhor”, assinala.

Catálogo

“Acredito que todos os nossos produtos são uma inspiração para os nossos trabalhadores. E o catálogo estar sempre presente, chama-nos à terra”, defende o diretor de people & culture da IKEA. No meio de projetos, defende Cláudio, ter um catálogo à mão serve de inspiração para tudo se desenvolver no sentido de “life at home”, independentemente da área da empresa a que se refere.

Água

“Tento ter uma vida saudável, cuidar de mim e do meu corpo. Para fazer isso, sem água é impossível”, assegura. Por isso, na mesa de Cláudio, que muda todos os dias, há algo que nunca muda. “Tento tê-la presente para não me esquecer de beber mas também é uma garrafa que transmite a nossa base de atuação, a questão da democratização do design. Esta garrafa que usamos é um exemplo claro de que é possível.”

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